Posidonia, nova empresa que cresce na cabotagem

Posidonia, nova empresa que cresce na cabotagem

Não é comum novas empresas surgirem na área de navegação, devido às necessidades de capital, conhecimento técnico e oportunidade de mercado. Mas a novata Posidonia, do Rio, apresenta bons números e algumas características especiais. É formada por Abrahão Salomão, de 38 anos, filho do falecido armador Alarico Salomão, da Transnave, Alexandros e Felipe Ikonomopoulos, de 33 e 29, respectivamente, donos da Kadmos, de uma família de brokers e armadores de origem grega. O avô de Alexandros e Felipe é o renomado broker Alex Ikonomopoulos.

Abrahão Salomão estava prestes a iniciar curso de engenharia naval, mas como a empresa do falecido pai, a Transnave, estava em situação falimentar, optou pelo curso de Direito: queria conhecer melhor os caminhos da recuperação judicial. A Posidonia foi criada em 2010 e começou a operar em 2013, mas já movimenta uma frota razoável, tem navio encomendado com recursos próprios e abriga 115 empregados, dos quais 70 marítimos.

O navio próprio em construção, a se chamar Posidonia Bravo, terá capacidade para 3.000 toneladas, sendo do tipo deck aberto, que pode levar todo tipo de cargas. Está sendo construído no estaleiro Vitória, de Triunfo (RS). A Posidonia opera, sob afretamento, embarcações nacionais, como o São Luis, de 42 mil toneladas, que pertencia à empresa Mansur, e a barcaça oceânica Santa Maria. Sob afretamento também está o São Sebastião, de 16 mil toneladas, que passa por completa modernização.

A empresa, que está estabelecida sob o compromisso com a bandeira brasileira, investiu maciçamente para impedir que os navios São Luiz e São Sebastião fossem sucateados. No caso do São Luiz, o compromisso é ainda mais latente pois, sendo afretado a casco nu de uma companhia que não é uma Empresa Brasileira de Navegação (EBN), não lhe gera direitos de tonelagem para fazer novos afretamentos. Por outro lado, o mesmo navio está fretado por tempo a outra empresa de navegação, o que levou aqueles menos conhecedores da atividade a pensar, erroneamente, que a armação da embarcação e sua operação não estão nas mãos e sob a responsabilidade da Posidonia, que possui também uma lancha para apoio marítimo e portuário e, por requisição de clientes, administra dez barcos de apoio a plataformas de petróleo.

Os irmãos Ikonomopoulos e Abrahão Salomão informam que a empresa tem uma característica muito especial: a sua principal atividade na costa brasileira é o serviço de realimentação, conhecido em navegação como “feeder”. A empresa não procura cargas nos clientes usuais – os embarcadores – mas seu mercado são os armadores internacionais. Anteriormente, muitas companhias se diziam prestadoras do serviço “feeder”, mas como também operavam na cabotagem tradicional, essa função se confundia e, além disso, em certas ocasiões os ditos “feeders” competiam com seus clientes, os armadores internacionais, na disputa por carga junto aos mesmos clientes, além de não oferecerem custos compatíveis com a operação de realimentação.

Já a Posidonia não busca produtores e importadores. Ela contata o mundo armatorial e oferece seus serviços para transferir cargas. Se um grande navio chega a Santos com bobinas para o Sul, o Norte ou Nordeste, o mais racional é entregar a carga a essa empresa e seguir sua viagem. É isso que a Posidonia tem feito e que tem lhe aberto um bom nicho de mercado. Transporta também contêineres e outras cargas.

– Não temos grandes ambições imediatas, mas também não temos medo. Nossa estratégia é seguir passo a passo e estamos indo bem. Em pouco tempo a empresa fincou bom nome no mercado, tem um navio em construção e opera embarcações nacionais de razoável porte. Temos focado na qualidade do serviço em todas as suas etapas, sem medir esforços para a consolidação de cada projeto.

Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta