Atraso da Sete Brasil coloca em risco projeto de US$ 1 bi da Jurong no país

Atraso da Sete Brasil coloca em risco projeto de US$ 1 bi da Jurong no país

Em dezembro de 2011, a Jurong, empresa naval de Singapura, deu início às obras de seu primeiro estaleiro na América do Sul. O local escolhido foi Aracruz, a uma hora de Vitória. Trata-se de um projeto orçado em US$ 1 bilhão, dos quais US$ 700 milhões aproximadamente já foram investidos.

A Jurong – que faz parte do grupo Sembcorp Marine, empresa de capital aberto que tem como controlador indireto o governo de Singapura – tem dois contratos no Brasil: um para a construção de duas plataformas flutuantes para a Petrobras, para operarem no campo de Tupi, e outro, muito maior, com a Sete Brasil, para a construção de sete navios-sonda. Os dois contratos somam US$ 6,3 bilhões.

Os navios-sonda fazem parte de um lote de 29 navios encomendados pela Sete Brasil e serão usados pela Petrobras nos trabalhos de perfuração na camada do pré-sal. Dos 29, o primeiro, com conteúdo nacional, a ser entregue deve ser o Arpoador, da Jurong. A previsão é início do segundo semestre de 2015.

Mas as coisas começaram a sair dos planos da multinacional no fim do ano passado. O casco do navio, montado em Singapura – com partes feitas no Brasil – está desde novembro em águas brasileiras, mas a Marinha ainda não o liberou para ser levado a Aracruz onde a montagem será finalizada.

Num cenário contaminado pelas investigações, que afetam a Petrobras, a Sete Brasil deixou de pagar à Jurong. Martin Cheah, de 49 anos, presidente do Estaleiro Jurong de Aracruz e presidente da empresa para a América do Sul, admite que pode recorrer à Justiça para receber a dívida, demitir funcionários e reduzir o ritmo das obras. Diz ainda que, por conta da Lava-Jato, a matriz do grupo tem dificuldades para captar recursos adicionais para o empreendimento e que o sucesso da Jurong no país depende da Petrobras. Cheah, que é de Singapura e está no país desde os anos 90, recebeu o Valor no estaleiro. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Fonte: Valor Econômico/Marcos de Moura e Souza | De Aracruz (ES)