Sindipetro-ES denuncia 'pressão' sobre trabalhadores após explosão em plataforma

Sindipetro-ES denuncia ‘pressão’ sobre trabalhadores após explosão em plataforma

Sindicato diz que petroleiros que estavam no navio só podem falar na presença de advogados da BW Offshore; empresa nega

O sindicato dos petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) questinou os métodos utilizados pela empresa norueguesa BW Offshore na condução do processo envolvendo a explosão do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, ocorrido quarta-feira passada, dia 11, no litoral capixaba, e também as repercussões do episódio, no que diz respeito ao comportamento dos trabalhadores.

De acordo com o sindicato, os trabalhadores que estavam embarcados só podem falar sobre o acidente na presença de advogados da empresa. A BW Offshore nega que haja qualquer impedimento para que os eles se manifestem a respeito do acidente. Entretanto, até o momento, a imprensa não teve acesso aos funcionários.

“É uma conduta imoral e de muita pressão sobre o trabalhador. Trata-se de um contrato de milhões (com a Petrobras) e a BW está tentando criminalizar os mortos. Não vamos aceitar isso”, frisou Paulo Rony Viana, coordenador-geral do Sindipetro-ES na página oficial do sindicato em uma rede social.

A cobrança teria surgido, segundo o Sindipetro-ES, após uma reunião, realizada nesta quarta-feira, da qual participaram Davidson Lomba, coordenador do sindicato e diretor de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Federação Única dos Petroleiros (Fup); Renato Pratini, membro da comissão de investigação do acidente, e José Luiz Marcusso, gerente geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção do Espírito Santo. O encontro foi realizado na sede da Petrobras, em Vitória.

Mais agilidade nas investigações

As entidades de classe também cobraram da Petrobras mais agilidade nos resgates e nas investigações. Segundo elas, equipamentos de mergulho foram prometidos no domingo e até agora a BW não disponibilizou, alegando que estão sendo trazidos de São Paulo. Os sindicalistas entendem que, em casos assim, a estatal teria mais condições de resolver a questão. Os diretores relatam ainda que ouviram da petroleira que os trabalhos caminham para que tudo seja investigado de forma transparente, com apoio da Marinha, Polícia Federal e ANP.

O representante do sindicato na comissão de investigação de acidentes já solicitou as cópias das atas das reuniões da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), que, segundo ele, devem conter informações importantes sobre possíveis ocorrências.

Em nota divulgada na noite desta quarta-feira, a companhia norueguesa informou que mais um funcionário recebeu alta hospitalar e que outros quatro brasileiros feridos na explosão continuam internados em Vitória. O FPSO CIdade de São Mateus está estável e e o casco do navio permanece íntegro.

Procurada pela reportagem para comentar o assunto, a Petrobras informou, em nota, que está dando total apoio à BW Offshore nos trabalhos de busca e resgate. E que a investigação (das causas do acidente) estão ocorrendo de forma transparente.

“O objetivo principal neste momento é encontrar as três pessoas desaparecidas. As atividades estão sendo realizadas de forma meticulosa, dentro de estritas normas de segurança, e são acompanhadas pela Marinha, ANP, Ibama, Polícia Federal e Corpo de Bombeiros”, diz o comunicado da estatal.

Fonte: O Globo