Libra e Multiterminais investem R$ 1 bilhão em expansões no Rio

Libra e Multiterminais investem R$ 1 bilhão em expansões no Rio

Os grupos Libra e Multiterminais estão entrando em uma nova fase no porto do Rio, marcada pelo aumento da capacidade de movimentação de cargas. Os terminais de contêineres e de veículos da Multiterminais e o terminal de contêineres da Libra vão receber R$ 1 bilhão em investimentos até 2016 em projeto de expansão que inclui ampliações de cais e retroáreas, construções de novos prédios e compra de equipamentos. Uma primeira fase dessas ampliações já está operacional. Mas os terminais e seus clientes só vão conseguir aproveitar essas expansões em todo seu potencial a partir da conclusão das obras de dragagem no canal de acesso ao porto, daqui a um ano aproximadamente, uma vez que hoje há limitação para a entrada de navios acima de 295 metros de comprimento no Rio.

As novas instalações da Multiterminais e da Libra, no bairro do Caju, área portuária do Rio, serão inauguradas oficialmente hoje pela presidente Dilma Rousseff. Libra e Multiterminais estão investindo nas expansões com recursos próprios e financiamentos, incluindo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e outras fontes, como uma debênture de R$ 270 milhões emitida pela Libra. Além dos investimentos privados feitos pelas duas empresas, estão previstos cerca de R$ 800 milhões em obras públicas para melhorar os acessos por terra e mar ao porto do Rio, mas só parte desses recursos está encaminhada.

As expansões foram possíveis depois que as empresas conseguiram, em 2011, antecipar a renovação das concessões dos terminais com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Em contrapartida, as companhias se comprometeram com as ampliações. As renovações foram concedidas antes da aprovação da nova Lei dos Portos, sancionada pela presidente Dilma em 2013. As concessões dos terminais de contêineres da Libra e da MultiRio valem até 2048 e a concessão do terminal de veículos da Multicar expira em 2052. MultiRio e Multica r são empresas da Multiterminais. Com os investimentos de Libra e Multiterminais, os terminais das duas empresas no Rio passam a ter em conjunto capacidade anual de movimentação de 1,6 milhão de TEUs (contêiner equivalente a 20 pés). O volume representa aumento de 74% em relação à capacidade anterior, que era de 920 mil TEUs. Os terminais também vão passar a contar com um cais contínuo de 1.875 metros, 62% a mais do que os 1.155 metros anteriores às obras.

Marcelo Araujo, presidente do Grupo Libra, disse que os investimentos foram motivados pela tendência de as companhias de navegação operarem com navios cada vez maiores. Há dez anos os terminais conseguiam atender de forma simultânea dois navios de contêineres com cerca de 250 metros de comprimento cada um. Hoje os navios porta-contêineres superam os 300 metros e chegam, em alguns casos, perto dos 400 metros de comprimento.

Segundo o executivo, também foi importante, na decisão de ampliar, o crescimento econômico, os grandes eventos programados para o Rio, como a Olimpíada de 2016, e o pré-sal. Embora hoje o cenário econômico seja diferente, com baixo crescimento e queda no preço do petróleo, Libra e Multiterminais entendem que os recursos postos nas expansões ultrapassam o ciclo econômico de curto prazo. “É um investimento pensando no longo prazo”, disse.

Luiz Henrique Carneiro, presidente da MultRio e da Multicar disse que, sem as expansões, os terminais de contêineres do Rio ficariam limitados, em termos de berços de atracação, a receber um navio por vez. “Se não fizéssemos nada tenderíamos a nos transformar em terminal de contêiner de um berço só”, afirmou. Para o presidente da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), Helio Szmajser, as expansões de Libra e Multiterminais são “vitais” para o porto do Rio.

Os executivos dos dois grupos devem aproveitar a presença de autoridades no Rio para falar sobre os acessos ao porto. Segundo Carneiro, já foi assinada a ordem de serviço para o início do projeto executivo de dragagem. As obras de dragagem, a cargo de um consórcio holandês, estão orçadas em R$ 210 milhões, informou. Na parte terrestre, uma das ligações da Avenida Brasil ao porto, obra estimada em R$ 300 milhões, deve ser inserida na concessão da ponte Rio-Niterói, segundo Carneiro. Mas não há garantia de recursos para outros dois acessos rodoviários ao porto cujas obras somam cerca de R$ 300 milhões.

Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio