Hamburg Süd busca rentabilidade fora da América do Sul

Hamburg Süd busca rentabilidade fora da América do Sul

A Hamburg Süd, líder no transporte marítimo de contêineres na Costa Leste da América Sul (Brasil, Argentina e Uruguai), está expandindo a atuação em outros mercados para compensar o baixo crescimento e a pouca rentabilidade na região. Com isso, os volumes da América Latina, que hoje representam 70% das movimentações globais da companhia, passarão a responder por 60% ainda neste ano.

“Estamos diversificando sem tirar o foco da região. Vamos dar um salto no crescimento, mas infelizmente não no Brasil”, disse Julian Thomas, diretor-superintendente da empresa no país. A Hamburg Süd foi fundada em 1871, na Alemanha, para fazer o transporte de cargas até o Brasil.

O grupo finaliza nesta semana a compra do braço de contêineres da Companhia Chilena de Navegação Interoceânica (CCNI), armador que tem no portfólio linhas entre América Latina (principalmente a partir da costa oeste), Ásia, Europa e América do Norte. Também está fechando acordos de compartilhamento de espaço com outros armadores em tráfegos onde tem pouca atuação.

Desde janeiro a Hamburg Süd tem comprado espaço em um serviço do armador francês CMA CGM que liga a Ásia ao Caribe e em outro serviço, também da CMA CGM, que conecta o Caribe ao porto de Manaus (AM).

Em maio, lançará uma linha entre Ásia, Caribe, Costa Leste dos Estados Unidos e Norte da Europa juntamente com a CMA CGM e a United Arab Shipping Company (UASC). Ainda sujeito à aprovação da agência americana que regula o transporte marítimo internacional, o serviço complementará a conexão da Ásia com o Leste dos Estados Unidos via Canal de Suez.

Já a partir de julho, a Hamburg Süd e a CMA CGM irão, junto com outros parceiros, reformular os serviços entre a Ásia e a América do Sul – detalhes não foram revelados. O diretor da CMA CGM para a Costa Leste da América do Sul, Laurent Calvino, diz que acordos como esses beneficiam os clientes com “custos eficientes, maiores possibilidades de desenvolver mercados, melhores tempos de trânsito e frequências”.

Em 2014 o transporte marítimo em contêineres cheios (importações e exportações) cresceu apenas 1%, para 4,65 milhões de Teus (contêiner de 20 pés). Em igual período, os volumes movimentados pela empresa na costa leste da América do Sul subiram 5,4%, para 1,6 milhão de Teus. Mas o resultado foi puxado pelo bom desempenho da cabotagem no Brasil e não pelos tráfegos de longo curso, afirmou Thomas. “O mercado como um todo não cresceu. Foi colocada mais capacidade com navios grandes e o crescimento não foi suficiente para essa nova oferta. Não adianta crescer sem rentabilidade”, disse.

Principal fluxo na região, respondendo por metade dos contêineres desembarcados, as importações da Ásia para a Costa Leste da América do Sul caíram 1% em 2014, para 1,5 milhão de Teus. Tirando 2009, quando a crise mundial derrubou o comércio internacional, o ano passado foi o pior da última década para a navegação na região, afirmou Thomas.

Análise semelhante tem a Maersk Line no Brasil, que defende a abertura de novos mercados via acordos bilaterais, sobretudo com a oportunidade do câmbio favorável. Diante do ano complicado, a companhia reduziu os navios empregados na rota entre o Brasil e a Europa, cortando em 25% a capacidade de um dos dois serviços nesse tráfego. “As perspectivas não são animadoras. É necessário voltar a exportar semi e manufaturados, e aí precisa ter uma constância e uma melhor produtividade, além do câmbio favorável. Vai levar tempo para reconstruir mercados que sumiram”, afirmou Thomas.

Segundo o executivo, contudo, não está programada redução da capacidade empregada no Brasil. O objetivo é manter a participação no mercado – a Hamburg Süd respondeu por 21% dos contêineres importados ou exportados pelo país em 2014, segundo a consultoria Datamar. São 19 serviços na Costa Leste da América do Sul, diretamente ou via acordos de cooperação com demais armadores, sendo 13 de longo curso e seis de cabotagem.

Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | De Santos