Licença atrasa obras do terminal de múltiplo uso em Cabedelo
Em dois anos, a Paraíba poderá realizar operações de importação de cargas de contêineres via Porto de Cabedelo, o que acarretará na arrecadação de impostos e tarifas. Isto será possível com a realização das obras de dragagem do aprofundamento do canal de acesso e bacia de evolução do porto dos atuais 9,14 metros para 11 metros. A obra é a condição para a instalação do Terminal de Múltiplo Uso (TMU), um investimento público-privado orçado em R$ 450 milhões, além dos R$ 100 milhões para a dragagem. O empecilho ainda são as licenças ambientais para o início das obras, que estão atrasadas.
A quarta matéria da série “Sai do papel?”, realizada pelo JORNAL DA PARAÍBA e as demais empresas da Rede Paraíba de Comunicação, mostra que, enquanto os investimentos não são feitos, o Porto de Cabedelo perde em arrecadação, já que é necessário que as cargas importadas cheguem via Porto de Suape (PE), sigam pela rodovia e sejam desembaraçadas pela Receita Federal em Cabedelo.
Segundo a presidente da Companhia Docas, que administra o Porto de Cabedelo, Gilmara Temóteo, a estimativa é que o terminal de múltiplo uso fique pronto em 2018. Segundo ela, o licenciamento ambiental está adiantado e deve ser aprovado. “O porto não tem profundidade para receber grandes navios, portanto não pode receber cargas importadas com contêineres. Com um calado mais profundo, vamos receber estas mercadorias diretamente em Cabedelo, aumentando nosso fluxo operacional, considerando que as importações correspondem a 90% de tudo o que circula no porto”, explica ela.
O Porto de Cabedelo disponibiliza cinco armazéns alfandegários que somam uma área de 10 mil metros quadrados. O terminal, que vai abrigar apenas cargas de contêineres, vai adicionar uma área de 100 mil metros quadrados. O projeto estima a geração de 300 empregos diretos e 800 indiretos. “As duas obras são fundamentais para o crescimento do porto. O calado mais profundo vai possibilitar a vinda de navios maiores, dobrar para seis a capacidade de atracamento deles ao mesmo tempo, e teremos áreas adequadas para armazenar as mercadorias”, afirma Gilmara Temóteo.
Ela destaca que a dragagem do porto foi realizada em 2010, mas o processo foi interrompido por uma irregularidade da empresa vencedora da licitação.
Estaleiro será adiado
Outro grande investimento privado que a Paraíba deve receber nos próximos anos e que está com atraso é o estaleiro da Empresa de Docagem Pedra do Ingá (EDPI), em Lucena. O empreendimento está orçado em R$ 2 bilhões e projeta a geração de 4.100 empregos, sendo 2.600 na obra e 1.500 em sua operação. Conforme o coordenador do projeto no Brasil, Celso Souza, ao menos na operação, a maior parte da mão de obra será local.
“Não existe no Brasil um lugar com mão de obra especializada, então, traremos técnicos do exterior para capacitar a mão de obra local”, destaca ele. O estaleiro será o único da América Latina a fazer reparos em navios. Em Suape, por exemplo, há dois estaleiros de construção de navios.
“No estaleiro, os navios serão colocados em um dique, apoiados a um suporte, para que sejam feitos os serviços de raspagem e limpeza, além de reparos no casco, se necessário. Em caso de corrosão no maquinário, será feita a troca de peças”, explica Celso Souza.
O projeto das empresas McQuilling Project Manager, dos Estados Unidos, e da brasileira Proman Engenharia tinha previsão inicial de entrar em operação em 2017, mas os atrasos no início dos estudos de licenciamento ambiental e a demora na atração de investidores, atrasou o empreendimento para 2019.
De acordo com Gilmara Timóteo, o estaleiro trará benefícios para o Porto de Cabedelo. “A empresa já tem um contrato com a Petrobras para fazer a manutenção de seus navios, o que exemplifica a importância deste empreendimento. Antes dos navios serem reparados no estaleiro, deverão armazenar as mercadorias no terminal de múltiplo uso do Porto de Cabedelo”.
Fonte: Jornal da Paraíba