Gaspetro está à venda e atrai empresas do setor

Gaspetro está à venda e atrai empresas do setor

Com a pandemia do coronavírus, a estatal vem apostando na intensificação da venda de ativos em vários setores para reduzir seu endividamento

A venda de 51% das ações da Petrobras na Gaspetro vem atraindo o interesse de uma série de companhias para atuar no setor de gás. Na última sexta-feira (10), a estatal informou que o processo de venda da subsidiária, que é uma holding com participações em 19 companhias de distribuição de gás, entrou na chamada fase vinculante.

De acordo com fontes do setor, estão analisando a Gaspetro empresas que já atuam no setor de distribuição e comercialização de energia como Cosan, Naturgy (controladora da Ceg e Ceg Rio) e Ultra (controladora dos postos Ipiranga). O prazo para a entrega das propostas vinculantes para o processo de compra da Gaspetro termina no dia 31 de agosto.

Também está na disputa a Mitsui – conglomerado japonês que já tem 49% da Gaspetro. Pelo acordo de acionistas da Petrobras, a Mitsui tem preferência na compra da outra metade da Gaspetro e, por isso, destacou uma fonte, não precisa participar dessa fase.

Em 2019, o volume total de gás distribuído pela Gaspetro foi de 29 milhões de metros cúbicos por dia, atendendo a cerca de 500 mil clientes por meio de uma rede de distribuição de mais de 10 mil quilômetros de gasodutos.

Uma das demandas dos novos investidores é a possibilidade de comprar apenas parte da rede da Gaspetro, de forma regional, como foi feito no processo de venda de refinarias da Petrobras. Mas, segundo uma fonte, essa possibilidade ainda está “em aberta”.

Segundo a Petrobras, “os potenciais compradores classificados para essa fase receberão carta-convite com instruções detalhadas sobre o processo de desinvestimento, incluindo orientações para a realização de due diligence e para o envio das propostas vinculantes”.

Há duas semanas o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, lembrou que a Mitsui tem o direito de preferência e o pode exercer ou não. Mas, segundo o executivo, até aquele momento a japonesa não tinha se manifestado a respeito. Ele disse que esperar concluir o processo de venda da participação da estatal na Gaspetro até o fim do ano.

“Vamos definir o vencedor, então quem apresentar a melhor proposta leva. Isso demanda algum tempo para a assinatura do contrato de compra e venda e finalmente para o fechamento da operação. É possível que até o fim do ano tenhamos definido já essa questão e fechada a transação, mas não tenho certeza que isso vai acontecer”, afirmou Castello Branco na ocasião.

A venda da Gaspetro faz parte de um acordo da Petrobras com o Cade, que regula a concorrência no Brasil, que prevê a venda de todos os seus ativos no transporte e distribuição de gás da estatal até 2021. O objetivo é abrir o mercado brasileiro de gás e atrair novos investidores.

A estatal também está vendendo sua participação de 51% na TBG (Transportadora Brasileira do Gasoduto Bolívia-Brasil), dona do Gasbol, o Gasoduto Bolívia-Brasil. Mas as divergências entre a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) em relação às tarifas de transporte do gás natural estão dificultando o processo de venda.

A estatal ainda está em processo de venda dos 10% remanescentes na rede de gasodutos TAG, que passa por Espírito Santo, região Nordeste e Amazonas e é controlado hoje pelo consórcio formado por Engie e CDPQ.

A Petrobras também vai se desfazer dos 10% adicionais na NTS, controlada pelo consórcio formado por Brookfield, British Columbia Investment e Itausa, dona de gasodutos no Rio, São Paulo e Minas Gerais. Procuradas, as empresas não comentaram.

Fonte: O Globo