Incêndios em Mato Grosso do Sul aumentam 74% com relação a 2019

Incêndios em Mato Grosso do Sul aumentam 74% com relação a 2019

Governo estadual decreta situação de emergência ambiental no Pantanal

Dados compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que o número de focos de queimadas e incêndio registrados em Mato Grosso do Sul já é 74% superior ao total verificado no mesmo período de 2019, o que obrigou o governo estadual a decretar situação de emergência ambiental no Pantanal.

De 1º de janeiro até ontem (16), o satélite de referência (Aqua_M-T) acumulou sinais de 5.959 focos de calor em território sul-mato-grossense. No mesmo período de 2019 foram registrados 3.415 ocorrências. No ano passado, considerados os mesmos sete meses e meio, o estado já tinha registrado o resultado mais preocupante desde 2016: uma variação da ordem de 239% se comparados aos 1.006 focos de incêndios e queimadas identificados entre 1º janeiro e 16 de agosto de 2018.

Já no Mato Grosso, o número de ocorrências se mantém praticamente estável em comparação ao ano passado. Imagens de satélite registradas entre 1º de janeiro e ontem (16)  apontam a existência de um total de 13.238 focos de incêndios e queimadas. No mesmo período de 2019 foram registrados 13.225 ocorrências. O resultado anterior, no entanto, representou um acréscimo de 85% sobre os 7.149 focos identificados do começo de 2018 a meados de agosto, sendo o pior resultado do estado nos últimos cinco anos, tendo interrompido dois períodos sucessivos de queda dos números.

Preocupante, a situação dos dois estados da região Centro-Oeste chamam a atenção principalmente pelas chamas que consomem a vegetação do Pantanal, colocando em risco a vida de animais, inclusive de espécies em extinção, e de moradores da região.

Apesar disso, o maior aumento do número de registros de focos de incêndio e queimadas ocorreu em Santa Catarina, na Região Sul. Enquanto de janeiro a meados de agosto de 2019 o satélite Aqua_M-T acumulou 889 ocorrências, no mesmo período deste ano foram 1.615, ou 82% a mais.

Pior seca

Comparando os registros históricos de temperatura e chuvas, técnicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) concluíram que esta é a seca mais intensa a atingir o Pantanal em pelo menos 60 anos.

O Cemaden aponta que, no primeiro semestre deste ano – antes, portanto, que a situação se agravasse com o fim do período de chuvas na região Centro-Oeste – as queimadas e incêndios florestais atingiram áreas do Pantanal que, somadas, totalizam mais de 2,8 mil quilômetros quadrados (km²), o que corresponde a quase 90% dos cerca de 3.266 km² territoriais ocupados pela capital do Mato Grosso, Cuiabá.

De acordo com os especialistas do centro vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, as chamas destruíram a flora e expulsaram ou mataram espécies animais em áreas protegidas incluídas na Lista de Zonas Úmidas de Importância Internacional (ou Lista de Ramsar, em alusão à cidade iraniana de Ramsar, onde, em 1971, ocorreu a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, da qual o Brasil é signatário), bem como em territórios indígenas

Emergência ambiental

No fim de julho, o governo de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência ambiental na área do Pantanal sul-mato-grossense por 180 dias. Além disso, suspendeu as autorizações ambientais de queima controlada pelo mesmo período, e solicitou apoio federal para combater os focos de calor.

Em resposta ao pedido de auxílio estadual, o Ministério da Defesa deflagrou, no dia 25 de julho, a chamada Operação Pantanal. Coordenada pelo Comando do 6º Distrito Naval, a ação conta com a participação de cerca de 400 profissionais, entre militares das Forças Armadas aptos a enfrentar incêndios florestais; do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); bombeiros de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, além de brigadistas e voluntários.

Fonte: Agência Brasil