PT quer incluir Alstom, Cemig e Suape na CPI da Petrobras

PT quer incluir Alstom, Cemig e Suape na CPI da Petrobras

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Vicentinho (SP), indicou, na tarde de ontem, quinta-feira, 27, que seu partido pretende radicalizar a ofensiva contra a instalação de uma CPI para investigar a Petrobras do Congresso. Negando fazer uma ameaça à oposição, ele disse que apoiará a abertura da investigação sobre a Petrobras se a mesma CPI também investigar casos relacionados aos governos estaduais comandados por PSDB e PSB, siglas dos principais adversários da presidente Dilma Rousseff na eleição deste ano – o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador pernambucano Eduardo Campos (PE).

Vicentinho disse que, caso a oposição não aceite estender as investigações para além da Petrobras, ele começará a recolher assinaturas para uma outra CPI mista, que terá como objetivo específico investigar a relação do caso Alstom com o governo de São Paulo, a implicação da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) no mensalão tucano e até o porto de Suape – apesar de ele não apontar a existência de nenhuma suspeita de irregularidade no porto pernambucano.

“Vou levar para a minha bancada, na próxima terça-feira, a proposta de incluir um adendo nessa CPI [da Petrobras] para investigar os casos da Alstom de São Paulo […] Até casos como da Suape… Informações de denúncias que surgem por aí. Vamos saber o que aconteceu com a Cemig”, afirmou Vicentinho, em entrevista coletiva convocada pela liderança do PT na Câmara dos Deputados.

Questionado sobre quais fatos ele gostaria de investigar a respeito do porto de Suape, ele respondeu: “Não sei. Não posso dizer nada… [Seria] Uma CPI para discutir todos esses casos”. Sobre a necessidade de haver um fato determinado como objeto de investigação para a CPI poder ser validada, ele disse: “Nós vamos colocar objeto. A única coisa que eu estou falando é que eu vou levar para a minha bancada essa proposta, a gente vai aperfeiçoar essa proposta na reunião de bancada”.

Coagidos

Vicentinho afirmou ainda, que parlamentares do PSB que não queriam sequer assinar a CPI da Petrobras foram obrigados a fazê-lo, mas não citou nenhum nome.

O líder do PT negou ter tido orientação do governo para dar essas declarações. Disse que também não se trata de uma decisão tomada em instâncias partidárias. “É uma decisão que eu estou tomando agora”, afirmou.

“O caso Alstom é vergonhoso. É um caso que ninguém investigou porque não deixaram investigar”, afirmou Vicentinho. Segundo ele, “foi tentado fazer uma CPI [sobre o caso Alstom] em São Paulo e não deixaram. Aliás, o governo de São Paulo nunca deixou abrir uma CPI lá”.

A empresa Alstom é mencionada pelo Ministério Público (MP) em investigações sobre o suposto cartel formado para fraudar licitações do metrô de São Paulo no período que abrange os governos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, todos filiados ao PSDB. A empresa também foi mencionada pelo MP em investigações sobre ela ter, supostamente, pago propina para evitar uma concorrência da Empresa Paulista de Transmissão de Energia nas gestões de Covas e Alckmin.

Já a Cemig foi incluída pela Polícia Federal na investigação que embasou a denúncia do mensalão mineiro, um esquema que, supostamente, foi montado para desviar dinheiro de empresas públicas de Minas Gerais para financiar a campanha pela reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998.

Fonte: Valor Econômico/Fábio Brandt