Pane para Reduc, e governo vai autuar Petrobras por poluentes

Pane para Reduc, e governo vai autuar Petrobras por poluentes

A queima de gases e líquidos na atmosfera depois de uma pane elétrica na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, gerou uma extensa fumaça negra que cobriu Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Magé, na Baixada Fluminense, nesta quarta-feira. A queima foi uma medida de segurança para evitar sobrecarga de pressão nos equipamentos depois que um problema de energia parou as operações às 5h45m. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que vai autuar amanhã a Petrobras por emissão de poluentes na atmosfera, mas assegurou que não houve danos à saúde da população no entorno da Reduc.

A produção da refinaria, de cerca de 240 mil barris de petróleo por dia — mais de 10% da capacidade de refino brasileira —, foi interrompida. A Petrobras não informou quando a produção será retomada.

Foram queimados benzeno, substância comprovadamente cancerígena, xileno e tolueno, também tóxicos e com potencial cancerígeno. Segundo sindicalistas, a pane ocorreu quando a termelétrica a gás Leonel Brizola, ao lado da Reduc, fazia manutenção e interrompeu o fornecimento de energia elétrica e de vapor para a refinaria, numa operação que já estava programada.

O Inea mandou duas equipes para o local para avaliar as condições na refinaria e monitorar a qualidade do ar. Eles constataram que houve falta do vapor que é usado na queima (nas tochas), o que gerou monóxido de carbono, nocivo à saúde. Mas o clima ajudou. A inversão térmica isolou os gases em uma camada de ar mais elevada.

— Foi sorte ter acontecido no inverno, quando há inversão térmica. Os gases foram emitidos a 100 metros de altura e ficaram confinados a uma camada de 300 metros, isso criou um tampão — explicou a gerente de qualidade do Inea, Mariana Palagano.

Ela disse que o padrão aceitável de exposição do monóxido de carbono é de 35 partes por milhão (PPM) em uma hora e que, em razão do isolamento térmico, não houve registro da substância nas estações de qualidade de ar na região. Segundo José Quirino Matos, do Inea, a quantidade de substâncias queimadas foi “muito grande”, e a falta de vapor nessa queima produziu monóxido de carbono, de elevado nível tóxico.

De acordo com o presidente do Sindicato de Petroleiros de Duque de Caxias, Simão Zanardi, a produção só deverá ser retomada por completo em três dias. A Petrobras não divulgou o prejuízo estimado nem a previsão de quando a refinaria voltará a produzir.

“Apesar da fumaça gerada durante a ocorrência, todas as ações foram tomadas para que não houvesse impacto à segurança ou à saúde dos trabalhadores e da população, bem como foi garantida a integridade das instalações. Os órgãos de controle foram comunicados sobre o evento, sendo feita avaliação local pelo órgão ambiental”, afirmou a companhia em nota.

Fonte: O Globo – Clarice Spitz