Pacote de investimentos acelera a Economia Azul no Brasil
Um passo estratégico e inovador do Brasil: ser referência no cenário mundial e líder no Atlântico Sul no que diz respeito à Economia Azul. Graças ao fomento da cultura oceânica – a exemplo da inclusão da Amazônia Azul no mapa político brasileiro e livros didáticos escolares e do reconhecimento da importância do mar, tendo em conta a incorporação das questões marítimas dentre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas -, diversos setores (governo, empresa e academia) trabalham em conjunto para elaborar pesquisas e projetos sobre a conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos em prol do desenvolvimento de uma economia sustentável nesse ambiente.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou, em janeiro deste ano, um pacote de investimentos, o BNDES Azul, uma iniciativa que busca gerar sinergias e abrir novas frentes de crescimento no mar. O apoio do Banco já apresentou resultados para o Planejamento Espacial Marinho (PEM), que foi um dos assuntos debatidos no evento “A relevância do BNDES Azul para a Economia Azul do País”, promovido pelo Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra), em agosto.
O ex-Comandante da Marinha do Brasil (MB) e atual Coordenador de Relações Institucionais e de Desenvolvimento de Novos Negócios do Cluster Tecnológico Naval-RJ, Almirante de Esquadra, da reserva remunerada, Ilques Barbosa Junior, foi o palestrante convidado, ao lado da Gerente de Meio Ambiente do BNDES, Vanessa Mesquita Braga. Quem não pôde acompanhar o debate ao vivo, pode assistir no canal oficial do Cembra no YouTube.
Números revelam a importância da Economia Azul
Estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que, até 2030, é previsto um crescimento anual de 3,5% para as indústrias globais baseadas nos oceanos, com perspectiva de geração de milhões de empregos. Ainda de acordo com as projeções da OCDE, a demanda pelo comércio marítimo triplicará entre 2015 e 2050, respondendo os navios por mais de 75% do transporte global de carga.
Mais de 95% do comércio exterior brasileiro se dá por via marítima; e, da Amazônia Azul, são extraídos cerca de 95% do petróleo, 80% do gás natural e 45% do pescado produzidos no País. Cerca de 80% da população brasileira vive em uma faixa de até 200 quilômetros do litoral, sendo 17 estados e 16 das cidades mais populosas que se encontram na região costeira.
O Brasil é um dos países do mundo com maior extensão de área marítima. O olhar para a economia do mar traz uma dimensão socioeconômica e ambiental importante. Desta forma, o Brasil se antecipa a uma futura exigência de sustentabilidade em âmbito mundial e se coloca em vantagem competitiva e comparativa a outros países.
A relevância do BNDES Azul para a Economia Azul
O BNDES Azul avançou nos seguintes campos: execução do PEM da região Sul do País; finalização do processo de contratação do PEM do Sudeste ainda neste ano; lançamento do edital do PEM Norte com previsão para o fim de 2024; PEM Nordeste também já está em desenvolvimento. “O PEM, hoje, no Brasil é uma realidade. Não é mais uma meta. É uma realidade, sendo implementada. Estamos na vanguarda. O Brasil vai ser projetado dentro da agenda ‘azul’”, afirmou a gerente de Meio Ambiente do BNDES.
As iniciativas do BNDES Azul ainda contemplam recursos, pesquisas e ações para preservar corais e manguezais; bem como atividades de incentivo à descarbonização da frota naval – pesquisas científicas sobre como podemos extrair soluções do mar para promover a captura de carbono e enfrentar a descarbonização – e à infraestrutura portuária.
A Economia Azul tem aparecido com mais frequência nas discussões, principalmente no que se refere ao “clima e suas consequências e processos econômicos de transição justa”, enfatizou Vanessa Mesquita. Ela alertou para a urgência de que “ainda há o que amadurecer sobre uma atuação integrada”. Um dos maiores desafios da Economia Azul é abranger iniciativas que envolvam: biodiversidade marinha; energias não-renováveis offshore, energias renováveis offshore; indústria naval; Marinha do Brasil e defesa; Marinha Mercante e comércio; mineração marinha; pesca e aquicultura; transporte e logística; e turismo e esporte.
Para o ex-Comandante da MB, o oceano é o centro de gravidade político, estratégico, científico, econômico e ambiental. “Precisamos fortalecer nossos laços no que se refere aos centros de conhecimento, de capacitação e de lideranças no mundo da comunidade marítima”.
Fonte: Agência Marinha de Notícias