Greve de 45 mil estivadores nos EUA ameaça operações de comércio exterior do Brasil

Greve de 45 mil estivadores nos EUA ameaça operações de comércio exterior do Brasil

Os estivadores de vários dos principais portos dos Estados Unidos anunciam uma greve a partir da meia-noite, num movimento que coloca em riscos o abastecimento de diversos itens de largo consumo interno, o que pode trazer pressões inflacionárias à frente, dependendo do prazo que durar a paralisação. Seria a primeira greve com essa dimensão desde 1977.

A Associação Internacional de Estivadores (ILA, na sigla em inglês), sindicato que representa 45.000 estivadores nos portos da Costa Leste e da Costa do Golfo, está em negociações com os empregadores desde junho para renovar o contrato que expira em 1º de outubro, mas as duas partes estão distantes de um acordo.

O líder da ILA, Harold Daggett, tem insistido que as empresa do setor estão vivendo anos de fortes lucro e disse não abrir mão de um reajuste salarial escalonado de 77% nos salários dos trabalhadores num prazo de 6 anos.

Os patrões, representados pela Aliança Marítima dos Estados Unidos, concordaram com um aumento de até 40% propostas que Daggett considerou “um insulto”.

A agência AP destaca que o possível desabastecimento de mercadorias varia de acordo com a especialização de cada porto. Baltimore e Brunswick, na Geórgia, por exemplo, são os dois principais portos de movimentação de automóveis, enquanto a Filadélfia tem um grande volume de frutas e vegetais.

Já o porto de Nova Orleans movimenta o café que vem, principalmente, da América do Sul e do Sudeste Asiático, além de produtos químicos do México e do Norte da Europa e produtos de madeira, como compensados, da Ásia e da América do Sul. Outro local a ser afetado é Port Wilmington, em Delaware, o principal porto de banana do país.

E há uma série de outros produtos em risco, como cerejas, vinho e outras bebidas alcoólicas importadas. Entram na conta matérias-primas utilizadas pelos produtores de alimentos dos EUA, como cacau e açúcar.

Pressão sobre o governo

Por conta dessa ameaça de colapso, grupos comerciais que representam centenas de varejistas e fabricantes, que vão desde Walmart e Target até Caterpillar e General Motors, apelaram ao governo Joe Biden para intervir, alertando que uma paralisação poderia prejudicar os negócios e desencadear uma nova inflação durante a movimentada temporada de compras de fim de ano, informou o The Wall Street Journal.

Segundo o jornal, analistas de ações do JP Morgan estimam que uma greve portuária custaria à economia dos EUA entre US$ 3,8 bilhões e US$ 4,5 bilhões por dia, alguns dos quais seriam recuperados assim que as operações normais fossem retomadas.

A Casa Branca até agora se recusou a intervir. Funcionários do governo Biden, incluindo os secretários de Transporte e Trabalho, se reuniram com os líderes de um grupo que representa os empregadores portuários na sexta-feira para incentivá-los a comparecer à mesa de negociações. Um funcionário da Casa Branca disse que o governo “esteve em contato” com o sindicato durante a semana.

Uma pessoa familiarizada com os esforços do governo disse que a Casa Branca acredita que as cadeias de suprimentos do país são resilientes e que a economia pode resistir a uma greve curta de até cerca de uma semana, disse o WSJ.

Por causa de temores de greve, muitos varejistas se anteciparam e redirecionaram as mercadorias para os portos da Costa Oeste, elevando os volumes de importação para os níveis mais altos desde o pico da pandemia de Covid-19, disse o jornal.

O congestionamento de uma greve também afetaria as cadeias de suprimentos globais. Isso amarraria navios e contêineres necessários para as exportações da Europa e da Ásia.

O jornal destaca que os operadores de contêineres têm poucas opções se os portos fecharem. Os estivadores sindicalizados nos portos da Costa Oeste dos EUA não trabalharão em navios desviados. E portos alternativos, no Canadá e no México, são pequenos demais para lidar com os volumes de carga que os trabalhadores da ILA movimentam.

Fonte: Infomoney