2024 está prestes a ser o primeiro ano a superar o limite histórico de 1,5ºC de aquecimento

2024 está prestes a ser o primeiro ano a superar o limite histórico de 1,5ºC de aquecimento

É praticamente certo que o mundo vivenciará novamente um ano mais quente já registrado e o primeiro em que a temperatura média global ficará mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, apontam dados do Serviço de Mudança Climática do observatório europeu Copernicus (C3S).

Aliado a isso, também já é possível dizer que outubro de 2024 ficou 1,65°C acima do nível pré-industrial, marcando o 15º mês em 16 meses em que a temperatura média global superou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. O dado considera a temperatura média do ar no planeta.

Desde junho de 2023, o mundo vem registrando quase que um mês mais quente na sequência do outro, dado que cientistas e autoridades destacam para apontar que vivemos uma emergência climática. Somente julho, setembro e outubro de 2024 não superaram esse recorde (agosto de 2024 empatou com agosto de 2023).

Ainda de acordo com o observatório europeu, outubro de 2024 foi o segundo outubro mais quente já registrado globalmente porque teve uma temperatura média do ar de superfície 0,80°C acima da média de outubro de 1991-2020.

Os cientistas chamam isso de anomalia de temperatura. Em outras palavras, é um indicador que mostra quanto a temperatura se desvia de uma determinada média histórica.

Essas datas são usadas como referência porque esse período representa um “ponto médio” do aumento da temperatura global, ou seja, o intervalo logo antes das mudanças climáticas se tornarem mais intensas e evidentes.

Além disso, a temperatura média global nos últimos doze meses (novembro de 2023 – outubro de 2024) está 1,62°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.

E de janeiro a outubro de 2024, a anomalia da temperatura global foi de 0,71°C acima da média de 1991-2020, o que faz de 2024 quase certamente o ano mais quente já registrado.

Lista de recordes

A marca de temperatura de agosto se soma à lista de recordes globais de calor neste e no último ano:

  • Primeiro, o planeta registrou em 2023 o mês de junho mais quente da história – até então.
  • Depois, a marca foi sendo quebrada a cada novo mês: julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho de novo e agora agosto.
  • Além disso, o número de dias que ultrapassou o limiar de aquecimento politicamente significativo de 1,5ºC já atingiu um novo máximo;
  • E, para piorar, pela 1ª vez, o mundo registrou um dia com a temperatura média global 2°C acima da era pré-industrial.
  • Fora tudo isso, julho de 2023 foi tão quente que pode ter sido o mês mais quente em 120 mil anos, enquanto as temperaturas médias de setembro quebraram o recorde anterior em 0,5°C.

Caos climático em gráficos

Em 2024 ainda está longe de terminar, mas um conjunto de gráficos atualizados com os dados mais recentes disponíveis gritam que o ano será marcante na trajetória da emergência climática.

Temperatura da superfície do mar: maio é o décimo terceiro mês consecutivo em que a temperatura da superfície do mar tem sido a mais quente nos registros de dados do observatório europeu Copernicus para o respectivo mês do ano.

Degelo no Ártico: as altas temperaturas contribuem para uma das menores extensões de gelo marinho já observadas na região: cobertura está abaixo do registrado em maio de 2012, sugerindo a possibilidade de um novo recorde mínimo este ano.

Listras do aquecimento global: esse gráfico foi criado pelo cientista climático Ed Hawkins, da Universidade de Reading, no Reino Unido. Ele foi apresentado publicamente pela primeira vez em 2018 e mostra o aumento da temperatura global desde a Revolução Industrial. E em 2023, as temperaturas foram tão altas que ultrapassaram a escala de representação das listras do aquecimento.

Consumo de combustíveis fósseis: quando queimamos combustíveis fósseis liberamos na nossa atmosfera quantidades significativas de dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa, que absorve e irradia calor.

Desde a Revolução Industrial no século XVIII, quando passamos a queimar grandes quantidades de combustíveis fósseis, esta instabilidade está em um curso cada vez mais perigoso.

Fonte: G1