Suape pretende chegar a 2015 com 123 companhias
O Complexo Industrial Portuário de Suape recebeu, nos últimos seis anos, investimentos de mais de R$ 2 bilhões – R$ 1,4 bilhão do Estado de Pernambuco e R$ 577,9 milhões da União. “Já a soma de investimentos privados chega a R$ 50 bilhões”, afirma Caio Ramos, vice-presidente do porto pernambucano, que abriga 105 empresas. Desse total, mais de 70 companhias foram atraídas entre 2007 e 2013. A expectativa é chegar a 123 organizações em operação, em 2015. Atualmente, há 45 grupos em fase de instalação.
Segundo Ramos, as empresas do complexo geram mais de 25 mil postos de trabalho diretos. Este ano, dois novos empreendimentos entraram em operação: a Aguilar y Salas e a Cristal Pet, respectivamente, indústrias de caldeiraria pesada e de pré-formas PET, que servem de base para garrafas de refrigerantes. Ainda em 2014, está prevista a inauguração de mais cinco empresas: Central PET, também de pré-formas; Shineray, de montagem e distribuição de motocicletas; a fábrica de cimento CBMC, além da planta PET da Petroquímica Suape e a Refinaria Abreu e Lima.
No ano passado, o porto superou seu recorde de movimentação de cargas, com mais de 12,8 milhões de toneladas. “O volume é quase 15% superior ao último pico, de 11,2 milhões de toneladas, em 2011”, explica. Em 2012, o fluxo atingiu 11,1 milhões de toneladas e, este ano, a previsão é chegar a 14 milhões de toneladas de carga. Para 2015, a estimativa é movimentar cerca de 30 milhões de toneladas, por conta do início da operação da refinaria.
Enquanto o volume de cargas cresce, o complexo também toca obras de infraestrutura. Estão em obras o acesso aos estaleiros Atlântico Sul e Vard Promar, no valor de R$ 110 milhões; um novo pátio de veículos, com investimentos de mais de R$ 20 milhões, e uma zona de serviços, com aporte de R$ 500 milhões. O local será formado por dez edifícios empresariais, lojas e um hotel, além da nova sede administrativa do porto.
Também está em andamento a implantação de um terminal de açúcar, com conclusão prevista para o próximo ano. Terá capacidade para movimentar 540 mil toneladas, ao ano. O investimento é de R$ 120 milhões. Há planos, ainda, para um segundo terminal de contêineres, com recursos de R$ 837 milhões, e de uma plataforma para granéis sólidos, com aporte superior a R$ 1,5 bilhão.
“O porto se tornou um instrumento estratégico na atração de investimentos para outras regiões do Estado, impulsionando a interiorização do desenvolvimento” diz Ramos. “Um dos principais exemplos é o polo automobilístico, ancorado pela fábrica da Fiat, em instalação no município de Goiana”.
De acordo com Stefan Ketter, vice-presidente mundial de manufatura da Fiat Chrysler -Projeto Pernambuco, a planta terá capacidade de produzir mais de 200 mil unidades ao ano. Ocupa 260 mil metros quadrados de área construída ou o equivalente a 26 quadras de rua. “Será o centro do polo automotivo, que reunirá 16 fornecedores, em um modelo integrado de produção”. Os investimentos superam R$ 7 bilhões. Cerca de 85% das obras da fábrica estão executadas. “É o maior projeto industrial realizado pelo grupo e o mais moderno da marca, no mundo”.
A produção em escala comercial deve começar em 2015 e vai gerar oito mil empregos, incluindo as empresas sistemistas, que fazem parte do parque de fornecedores. O local ocupará 12 edifícios e vai produzir 17 linhas de peças, que responderão por 40% da demanda de componentes da montadora. O investimento inclui um centro de pesquisa e inovação, que poderá contratar até 500 profissionais, nos próximos anos. A iniciativa tem como parceiros, além do governo do Estado e a prefeitura do Recife, o Parque Tecnológico Porto Digital, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, a Universidade Federal de Pernambuco e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
“Confiamos nas aplicações feitas na infraestrutura do Estado”, diz Ketter. “Um dos exemplos é o projeto do Arco Viário da Região Metropolitana do Recife (RMR), que deve escoar as demandas produtivas da região, a partir de Suape”. Para facilitar a implantação da fábrica, foram doados 12 milhões de metros quadrados de terrenos. O governo também está construindo estradas e instalando serviços públicos ligados à planta. Segundo o executivo, a companhia também optou pelo Estado por considerá-lo uma região estratégica para atender a demanda de produção e abrigar um dos portos mais modernos do Brasil.
Para o consultor Francisco Cunha, sócio-fundador da TGI Consultoria em Gestão, de Recife, “o porto transformou-se no fiel da balança para a atração de estaleiros, enquanto a refinaria e a petroquímica funcionam como âncoras dos demais investimentos”, diz o especialista, responsável pela elaboração técnica do projeto Pernambuco 2035, conjunto de metas projetadas para os próximos 20 anos, pelo governo do Estado e um consórcio de consultorias.
Fonte: Valor Econômico/Jacilio Saraiva | de Recife