Portuários em Santos se reúnem para decidir sobre paralisação de navios vindos da África
Apesar de a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) expor à imprensa que está ampliando a fiscalização de navios procedentes de regiões da África, onde há casos de ebola, os trabalhadores portuários no porto de Santos continuam sem informação sobre a origem dos navios, segundo o Sindaport (Sindicato dos Empregados na Administração Portuária).
Os sindicatos que representam os trabalhadores portuários se reúnem nesta sexta (22), para decidir se vão ou não continuar operando embarcações vindas da África.
“Quando fomos à imprensa mostrar nossa preocupação com o surto da doença e a falta de informação e cuidados no porto de Santos, autoridades logo vieram a público falar que não havia risco. Logo depois, a Secretaria Especial de Portos divulgou que faria um plano especial e agora a Anvisa afirma que está ampliando a fiscalização. Porém, os portuários que atuam diretamente nas operações portuárias continuam sem informação e só têm conhecimento que os navios vieram da África quando já estão atracados”, enfatiza o presidente do Sindaport, Everandy Cirino dos Santos.
O sindicalista ressalta que logo após o ministro da Saúde, Arthur Chioro, expor à imprensa que não havia risco de contaminação, o assessor especial da pasta, Fausto Figueira, esteve no sindicato. “O Fausto marcou uma reunião comigo e apresentou a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre o surto de ebola em parte da África. Ele também expôs as recomendações que devem ser tomadas aqui. Porém, na prática, os trabalhadores portuários continuam desinformados. Nenhuma orientação foi dada diretamente aos portuários, somente por meio da imprensa”.
De acordo com informações publicadas pela imprensa, na semana passada um navio vindo da Nigéria foi liberado para atracação apenas 17 horas após a sua chegada ao cais santista. Outros dois navios, também vindos da Nigéria, também já foram liberados para atracação.
Ao todo, 2,24 mil pessoas já foram contaminadas em quatro países da Africa e mais de 1,3 mil pessoas morreram.
O líder do Sindaport enfatiza que diante da falta de informação aos portuários, a reunião desta sexta-feira com representantes de todas as categorias vai deliberar sobre a paralisação das atividades nos navios oriundos da África. “Se a informação só chega para a imprensa, vamos cruzar os braços para que as autoridades portuárias reconheçam nossa importância e nossa preocupação com a doença”.