Polo Naval do Jacuí deve manter metade das encomendas para o pré-sal
Segundo prefeito de Charqueadas, pelo menos mil empregos serão mantidos durante dois anos
Enquanto as duas parceiras do polo naval do Jacuí — Iesa e Andrade Gutierrez (AG) — esperam liberação para a sua associação, o prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar, anunciou na manhã desta quinta-feira que ao menos metade do que havia sido contratado será mantido nas instalações locais.
Por e-mail, o presidente da Iesa, Valdir Lima Carneiro, informou que 16 dos 32 módulos previstos no contrato original serão montados nas instalações às margens do Rio Jacuí. Embora seja a metade do previsto, significa a manutenção de mais de mil empregos por, pelo menos, dois anos, destacou o prefeito.
“Como entramos em recuperação judicial em 29/08, algumas medidas jurídicas precisaram ser tomadas e estão em fase final. Esperamos que, nos próximos dias, possamos concluir a documentação necessária. Nesta parceria no mínimo 16 módulos serão construídos e concluídos em Charqueadas”, escreveu Valdir Lima Carreiro, presidente da Iesa.
Conforme informações de fontes que acompanham as negociações, o fato de a Iesa estar em recuperação judicial atrasava a assinatura do contrato de associação, o que depende de uma autorização da Justiça e da concordância dos principais credores do Grupo Inepar, controlador da Iesa.
Polos navais no RS preparam retomada
Conforme Gilmar, há expectativa de que a parceria com a Andrade Gutierrez siga em futuros contratos na região. O acordo entre as empresas ocorreu porque a Iesa passa por crise financeira e precisou buscar um parceiro para salvar o contrato de US$ 800 milhões feito com a Petrobras. A tendência é de que os outros 16 módulos sejam levados pela AG para conclusão em unidades da empresa na China.
No momento, cerca de 700 empregados estão em férias coletivas e só devem retornar depois que o acordo com a AG for oficializado. A Petrobras chegou a solicitar à Metasa, principal fornecedora da Iesa, que suspendesse a produção das estruturas dos módulos. Para manter as atividades, a estatal criou uma espécie de conta vinculada para pagar funcionários e fornecedores da Iesa.
— O documento vai nesse sentido (continuação dos 16 módulos), e nos últimos dois encontros que participei no Rio de Janeiro o mesmo diretor da Petrobras confirmou isso. Em dois anos, não haverá demissões, apenas ajustes pontuais, se a Andrade Gutierrez entender necessário — explica Davi Gilmar.
O prefeito de São Jerônimo, Marcelo Luis Schreinert, salienta que engenheiros da AG já trabalham no polo naval do Jacuí. Schreinert diz não temer esvaziamento da produção nos próximos anos:
— (A Petrobras) não vê como não dar andamento às obras. A Andrade Gutierrez também é importante porque sabe das perspectivas da distribuição do pré-sal no futuro. O único entrave, que é o acerto de documentação, está quase se resolvendo.
Fonte: Zero Hora / Mauricio Tonetto, de Charqueadas