Exploração do pré-sal impulsiona o crescimento da indústria naval

Exploração do pré-sal impulsiona o crescimento da indústria naval

Qualificação da mão de obra é o maior desafio dos estaleiros brasileiros. Setor emprega hoje quase 80 mil trabalhadores em todo o país

Entre os principais entraves da indústria naval brasileira está à qualificação de mão de obra especializada, que possibilite o aumento da produtividade e a competitividade internacional dos estaleiros, o desenvolvimento de novas tecnologias e a inovação na rede de fornecedores de conteúdo local para o setor, informa o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).

Segundo dados do Sinaval, os estaleiros do país empregavam, em 2000, o total de 1.910 pessoas. Desde então, esse número vem crescendo ano a ano e, em 2008, chegou a 40.277 metalúrgicos empregados. Em setembro do ano passado, segundo o último relatório do Sinaval, o número de trabalhadores do setor somou 78 mil pessoas.

Recentemente, a presidenta Dilma Rousseff ressaltou em seu programa de rádio “Café com a Presidenta”, que a indústria naval brasileira deve atingir a marca de 100 mil postos de trabalho até 2017. Dilma destacou ainda o bom momento que o setor naval apresenta no país. “Só em 2014, estão em construção ou contratados para serem construídos aqui no Brasil 18 plataformas, 28 sondas de perfuração e 43 navios-tanque”, afirmou.

Estados que mais empregam

O Rio de Janeiro é o estado que mais emprega trabalhadores na indústria naval, de acordo com dados do Sinaval. São aproximadamente 30 mil profissionais, o que equivale a quase metade do número total de empregos diretos na área no país. Em segundo lugar, o estado do Amazonas com 13,6 mil empregos, equivalente a aproximadamente 21%. Já o Rio Grande do Sul, agrega pouco mais de seis mil empregos, que representam quase 10% do número total de empregados no setor naval.

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que para cada R$ 1 milhão investido na construção de navios gera-se 82 empregos diretos e indiretos, R$ 1,9 milhão de valor adicionado, R$ 695 mil de salários e R$ 549 mil de tributos.

Durante a Semana de Infraestrutura (L.E.T.S.), realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo em parceria com o Sistema Firjan (Fiesp), o diretor do Centro de Engenharia Naval do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Carlos Padovezi, ressaltou que o custo da mão de obra será elevado até o Brasil recuperar um patamar de qualificação adequada.

“Vários estaleiros estão contratando gente, mas ainda precisa capacitar o pessoal. Vamos passar por um período que ainda não valerá comparar a nossa produtividade com os países que estão de modo permanente construindo navios e plataformas”, disse Padonezi.

Novas encomendas até 2020

A carteira de encomendas da indústria naval do Brasil é a quarta maior do mundo na categoria de navios em geral e a terceira em número de petroleiros, segundo a Petrobras.  A demanda da Estatal por embarcações também aumentou com as novas descobertas do pré-sal.

Segundo o Ipea, as estimativas de especialistas apontam para a necessidade de mais 12 a 15 plataformas, a partir de 2020, com investimento de R$ 36,75 bilhões. Somente para a exploração do Campo de Libra, podem ser necessárias 13 plataformas com investimento de mais R$ 31,85 bilhões.

O Brasil, que já foi o maior construtor de navios nos anos 80, e tevê o setor praticamente paralisado nas duas décadas seguintes, retomou a todo vapor na construção de navios, produção em plataformas, sondas de perfuração, aquisição de novos equipamentos, e tudo aquilo que a indústria de petróleo e gás demanda. Antes do ressurgimento da indústria naval, o setor estava 14 anos sem entregar navios ao Sistema Petrobras.

Entre 2012 e 2020, as encomendas englobam 22 plataformas de produção de petróleo, 146 navios offshore, 26 petroleiros, 29 sondas de perfuração, cinco submarinos, dois navios graneleiros e sete porta-contêineres, ressaltou o coordenador de Infraestrutura Econômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Campos Neto, durante o painel “Investimentos em Petróleo e o Impacto da Indústria Naval” no evento L.E.T.S.

Fonte: Redação SINCOMAM / Margarida Putti