Petróleo em queda ameaça investimentos da Petrobras

Petróleo em queda ameaça investimentos da Petrobras

A forte queda do preço do petróleo no mercado internacional é uma boa notícia para o país, mas não necessariamente para a Petrobras. No plano de negócios para o período 2014/18, a estatal estimou preço médio para o barril de US$ 100 até 2017 e US$ 95 entre 2018 e 2030. Ontem, o petróleo tipo Brent, usado como referência pelo Brasil, estava cotado a US$ 85.

A queda nos preços pode inviabilizar os investimentos da Petrobras, que com o pré-sal tem um ambicioso plano de produção para os próximos anos. Além disso, há a necessidade de forte geração de caixa para fazer frente também ao endividamento elevado.

O preço internacional está caindo num momento em que a estatal precisa ser lucrativa para pagar sua dívida, hoje de R$ 241 bilhões, equivalente a 3,94 vezes a geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Fontes revelam que o preço do petróleo entre US$ 55 e US$ 60 é suficiente para assegurar a produção no pré-sal, mas pode não ser o bastante para sustentar o plano de investimentos.

Em relatório divulgado ontem, o analista Pedro Medeiros, do Citibank, afirmou que, com o preço do barril a US$ 90, o fluxo de caixa operacional da Petrobras apresenta dificuldade para a companhia cumprir a meta de US$ 28 bilhões em investimentos por ano, fixada pela área de exploração e produção para o período 2015/18. O analista observa que uma alternativa para superar o problema seria um programa de venda de ativos ainda maior que o já colocado em prática.

A queda no preço do petróleo só é benéfica para a Petrobras quando contabilizados os custos da área de abastecimento com importações de derivados, principalmente de gasolina e diesel. Além de pagar o preço internacional, a companhia gasta com frete e impostos para oferecer derivados que estavam sendo vendidos no país a preços subsidiados para ajudar a controlar a inflação. Sem a defasagem, as perdas da estatal diminuem.

Fonte: Valor Econômico/Cláudia Schüffner | Do Rio