Antártida fica mais verde e cientistas alertam para colapso climático

Antártida fica mais verde e cientistas alertam para colapso climático

A Antártida, principal reguladora térmica do planeta, está passando por uma transformação preocupante. O aumento de vegetação no continente, resultado do rápido derretimento das geleiras, é um dos sintomas mais visíveis da crise climática global. Um estudo recente revelou que a presença de musgos na Península Antártica aumentou mais de 13 vezes entre 1986 e 2021, sinalizando uma mudança ecológica significativa e preocupante.

Acelerado esverdeamento da Antártida

O estudo, publicado na revista Nature Geoscience, analisou a vegetação na Península Antártica e apontou um aumento notável de áreas verdes. Entre 1986 e 2021, a cobertura vegetal passou de 0,863 km² para 11,947 km², um crescimento de mais de 13 vezes em apenas 35 anos. Especialistas das Universidades de Exeter e Hertfordshire, em colaboração com o British Antarctic Survey, conduziram a pesquisa que revelou esse aumento expressivo, impulsionado pelo aquecimento global.

Esse esverdeamento, especialmente com a proliferação de musgos, é um reflexo do derretimento acelerado do gelo, que expõe novas superfícies rochosas para colonização por plantas. Embora à primeira vista possa parecer uma evolução natural, a expansão da vegetação na Antártida indica uma mudança climática significativa, com impactos potencialmente devastadores para o equilíbrio ecológico da região. O musgo tem um papel fundamental ao transformar rochas nuas em solos mais vegetados, o que sugere uma alteração ecológica profunda que pode acelerar ainda mais as mudanças no continente.

Colapso das geleiras e riscos globais

O esverdeamento da Antártida não é o único sinal preocupante vindo da região. A perda acelerada de geleiras, especialmente da Geleira Thwaites, conhecida como “Geleira do Juízo Final”, está entre os maiores riscos globais relacionados ao aquecimento do continente. Nos últimos anos, a taxa de desprendimento de gelo da Thwaites e de geleiras vizinhas mais que dobrou em comparação com a década de 1990. Cientistas alertam que, caso essa geleira entre em colapso completo, o nível dos mares pode subir até 65 centímetros, o que teria consequências catastróficas para áreas costeiras ao redor do mundo.

Em setembro de 2024, o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC) registrou o segundo menor volume de gelo da Antártida desde o início do monitoramento por satélite, com uma extensão máxima de apenas 17,16 milhões de km². Isso demonstra que o derretimento está acontecendo de forma mais rápida do que o previsto, ampliando os riscos para ecossistemas globais e populações humanas que vivem em regiões costeiras.

Antártida: regulador climático do planeta

A Antártida tem um papel crucial no equilíbrio climático da Terra. Com 90% das reservas de gelo do planeta e 70% da água doce em forma de geleiras, o continente atua como um dos principais reguladores térmicos globais. Segundo a Marinha do Brasil, a Antártida controla circulações atmosféricas e oceânicas que afetam o clima em todo o mundo. À medida que o gelo antártico derrete, essas correntes são alteradas, impactando padrões climáticos e a distribuição de calor no planeta.

A perda de gelo na Antártida não apenas contribui para o aumento do nível do mar, mas também afeta diretamente a temperatura e a salinidade dos oceanos, fatores fundamentais para a regulação climática global. O desequilíbrio nesse sistema pode agravar fenômenos climáticos extremos, como furacões, secas e inundações, que têm se tornado cada vez mais frequentes em várias partes do mundo. Portanto, o colapso das geleiras antárticas representa uma ameaça não só para a biodiversidade local, mas para o clima global como um todo.

Fonte: Nature