Atrasos comprometem mais uma vez despoluição da Baía de Guanabara

Atrasos comprometem mais uma vez despoluição da Baía de Guanabara

A dois anos das Olimpíadas, meta de 80% da baía despoluída está longe de ser cumprida

Uma das principais apostas do governo para a despoluição da Baía de Guanabara terá a inauguração mais uma vez adiada. A Unidade de Tratamento de Rios (UTR) do Rio Irajá, que foi primeiramente prometida para novembro de 2013, adiada para março de 2014, teve o prazo novamente transferido, agora para julho.

A Baía de Guanabara será um dos principais locais de competição nas Olimpíadas de 2016 e a poluição nas suas águas já repercutiu até na equipe de vela da Alemanha. Eles publicaram um texto num blog intitulado “Bem-vindo à lixeira que é o Rio de Janeiro”. Lá, postaram fotos do local e questionam: “Permanece a questão de como exatamente os organizadores dos Jogos de 2016 vão resolver esse problema. Não é apenas o lixo que já está na água: toneladas de esgoto continuam sendo levadas para as águas. Sem estações de tratamento, a situação não vai ficar melhor”.

O governo brasileiro prometeu ao Comitê Olímpico Internacional (COI) entregar a Baía de Guanabara 80% saneada para as competições de vela que vão acontecer no local, nas Olimpíadas de 2016, colocando esse ponto como um dos legados dos jogos. Porém, até agora, poucas melhoras foram observadas.

O biólogo Mário Moscatelli, coordenador do Projeto Olho Verde, que monitora as áreas verdes da Região Metropolitana e do Litoral Sul do estado do Rio de Janeiro, acompanha os ecossistemas do estado há mais de dez anos, em voos de helicóptero. “Posso dizer que 60% da Baía de Guanabara está podre. Toda a parte do Rio de Janeiro, inclusive. A parte que não está completamente poluída é aquela no fundo da baia, a partir dos municípios de Itaboraí, Guapimirim e Magé, que têm uma baixa ocupação urbana. Mesmo essas áreas estão agora ameaçadas por causa do Comperj”, comenta o biólogo, mencionando o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro que, ao ser finalizado, deve atrair moradores para a área.

Enquanto o governo aposta nas UTRs para melhorar a qualidade da água da Baía, o biólogo Moscatelli diz que só isso não basta: “A UTR é uma solução para curto prazo, são estações dentro do rio que bloqueiam esgoto e lixo. A médio e longo prazo, se não tiver política de habitação transporte e saneamento, não adianta”.

Um evento teste de velas vai acontecer ainda em agosto deste ano. O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos 2016 informou, através de sua assessoria de imprensa, que não há possibilidade de os jogos não acontecerem lá, nem dos testes.

Abaixo assinado

Um abaixo assinado foi formulado pela Ong My Green, que defende várias causas ambientais dentro da cidade do Rio de Janeiro e abraçou a Baía de Guanabara como mais uma delas. O presidente da ONG, Alfredo Pirafibe, diz que a petição busca fazer pressão no poder público e será anexada a uma denúncia ao Ministério Público, que está sendo formulada.

Fonte: Jornal do Brasil / Foto: Agência Brasil