Bovespa cai perto de 3% com greve dos caminhoneiros; Petrobras recua 9%

Bovespa cai perto de 3% com greve dos caminhoneiros; Petrobras recua 9%

A principal índice de ações da bolsa brasileira (B3), o Ibovespa, opera em forte queda nesta segunda-feira (28), em meio a preocupações com os efeitos fiscais e na Petrobras das medidas anunciadas na véspera pelo governo para encerrar a greve dos caminhoneiros, bem como o impacto econômico em vários setores da paralisação que já dura 8 dias e tem provocado desabastecimento em diferentes categorias, segundo a Reuters. As ações da estatal caíam ao redor de 9%.

Às 14h42, o Ibovespa caía 2,93%, a 76.588 pontos.

Perto do mesmo horário, as ações da Petrobras caíam ao redor de 9%, liderando as baixas dentro do Ibovespa, após o anúncio do governo para reduzir o preço do diesel, do anúncio da greve dos petroleiros e diante da queda dos preços internacionais de petróleo.

Em nota divulgada nesta segunda, a Petrobras declarou que “não subsidiará o preço do diesel e não incorrerá em prejuízo, uma vez que será ressarcida pela União, em modalidade ainda a ser definida”. Na avaliação de especialistas ouvidos pelo G1, porém, a petroleira cedeu a pressões políticas e perdeu credibilidade.

Na sexta-feira, o índice fechou em queda de 1,53%, puxado pela desvalorização das ações de siderúrgicas, bancos e da Vale.

A queda nos preços do petróleo no mercado externo e o fortalecimento do dólar frente a uma cesta de divisas endossavam o viés negativo no mercado acionário brasileiro, segundo a Reuters, em sessão sem a referência de Wall Street, onde as bolsas estão fechadas por feriado nos Estados Unidos.

Apesar de a Petrobras estar em evidência, a greve também tem atingido diversos setores da economia. “Há um desabastecimento generalizado, inclusive na cadeia alimentar”, disse à Reuters o gestor Marco Tulli Siqueira, da mesa de operações de Bovespa da Coinvalores.

Nesta manhã, a fabricante de carrocerias de ônibus Marcopolo e a Suzano Papel e Celulose anunciaram paralisação das atividades devido à greve dos caminhoneiros.

Agentes financeiros também veem aumento do risco político com os últimos eventos, complicando ainda mais um já nebuloso cenário eleitoral neste ano. “(O noticiário recente) sinaliza aumento da tensão doméstica e fragilidade do governo, destacou à agência de notícias o sócio da gestora Galt Capital, Igor Lima, ponderando também que a ausência de Nova York deve ter efeito no fluxo de recursos.

Greve dos caminhoneiros

Os caminhoneiros continuam parados mesmo após o governo anunciar na véspera que vai reduzir o preço do litro do diesel em R$ 0,46 por 60 dias. Na semana passada, o governo já tinha anunciado corte de 10% no preço do combustível. Foi acordado ainda que os reajustes no preço do combustíveis só serão anunciados a cada 30 dias, no mínimo.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, informou nesta segunda-feira que a redução do preço do diesel terá custo total de R$ 9,5 bilhões aos cofres públicos, que será coberto por uma sobra de R$ 5,7 bilhões que o governo tem em relação à meta de déficit primário (antes do pagamento de juros da dívida), além de corte de despesas de R$ 3,8 bilhões.

“A percepção de que o governo brasileiro está com dificuldades para se arrastar até o final do mandato cresceu fortemente. O estouro das contas públicas, que seria mitigado pela recuperação da economia, pela queda dos juros, cortes das despesas e reformas, está firme em uma trajetória explosiva, realimentada pela decisão de cobrir as demandas dos caminhoneiros com cortes de impostos”, escreveu em nota Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

Além disso, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) decidiu convocar uma greve da categoria para começar na terça-feira (29) contra a política de preços da Petrobras, acompanhando a decisão da Federação Única dos Petroleiros (FUP) de convocar greve de 72 horas a partir de quarta-feira (30), véspera do feriado de Corpus Christi no Brasil.

Fonte: G1