Brasil desenvolve projeto para construção de submarinos

Brasil desenvolve projeto para construção de submarinos

Novos submarinos vão substituir os cinco convencionais que o Brasil dispõe. Veículo será projetado e construído no país

O Brasil avança na construção de submarinos, um deles com propulsão nuclear, em parceria com a França. O objetivo é proteger 8.500 km de litoral e riquezas ocultas no fundo do mar, como as reservas do pré-sal e de minerais da Amazônia Azul. Os novos submarinos devem substituir os cinco convencionais que o Brasil possui atualmente, construídos entre 1980 e 1990, em parceria com a Alemanha.

Em entrevista à AFP, o Almirante-de-Esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld, coordenador-geral do Prosub, Programa de Desenvolvimento de Submarinos, aborda que o projeto possui o custo estimado em R$ 23 bilhões (cerca de US$ 10 bilhões).

“O Brasil é detentor de riquezas que estão no nosso mar. É responsabilidade nossa ter uma força armada forte. Não para fazer guerra, mas para não entrar em guerra. Para que não tentem tomar nossas riquezas. O submarino de propulsão nuclear é uma das armas com maior possibilidade de dissuasão”, disse o Almirante-de-Esquadra Hirschfeld, em matéria publicada pela Exame com informações da AFP.

Projeto no Brasil

Em meados de 2013, ocorreu a inauguração da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) em Itaguaí, ao sul do Rio de Janeiro. A fábrica faz parte do projeto do Prosub da Marinha, iniciou suas operações em seguida com dinâmica maior ao ritmo da construção do SBR-1.

Na unidade fabril, o primeiro submarino convencional (SBR1), previsto para lançamento ao mar em 2017, está 45% concluído, e o segundo (previsto para 2019) começa a ser construído. Os demais ficarão prontos a cada 18 meses.

Os submarinos serão equipados com torpedos convencionais, pois a Constituição brasileira e o Tratado de Não-proliferação Nuclear (TNP), do qual o país é signatário, proíbem desenvolver ou adquirir armas atômicas.

Paralelamente à construção e à organização de toda a estrutura fabril em Itaguaí e à qualificação dos profissionais na França – militares e civis da Marinha, da NUCLEP, da ICN e de outras empresas -, a Marinha e a DCNS iniciaram o processo de seleção de empresas fornecedoras para os submarinos do Prosub, adotando neste campo, uma das principais diretrizes do programa: a nacionalização de sistemas e de equipamentos.

Além de promover o estabelecimento de um parque industrial nacional com capacidade de desenvolver e fabricar equipamentos e componentes para todos os cinco submarinos, o Prosub visa estabelecer uma base industrial e comercial no Brasil de modo a assegurar a continuidade e a operação do projeto nos prazos e custos previstos.

Atualmente, apenas cinco países projetam e constroem submarinos nucleares: China, Reino Unido, EUA, Rússia e França.

Fábrica

Na unidade de fabricação, com 38 metros de altura, operários trabalham nas enormes chapas de aço que, unidas, formarão o casco resistente dos submarinos convencionais que, prontos, terão 75 metros de comprimento e pesarão 2.000 toneladas. Também trabalham em ritmo acelerado 3.000 pessoas para erguer o estaleiro, com inauguração prevista para novembro deste ano, onde as seções dos submarinos serão montadas.

O complexo tem 540 mil metros quadrados, e abriga a empreiteira brasileira Odebrecht, a estatal francesa de Defesa DCNS e a Marinha do Brasil, que trabalham em conjunto para cumprir um cronograma que se estende até 2025.

A infraestrutura ainda comporta um estaleiro de manutenção, uma base naval e um complexo radiológico, onde será feita a troca do combustível nuclear.

Veículo nucelar

Os submarinos de propulsão nuclear são mais velozes e não precisam vir à tona, pois utilizam energia atômica, fonte praticamente inesgotável, para mover seus motores, e o ar respirado é purificado através de um composto químico.

Patrimônio brasileiro

Segundo a Marinha, os submarinos convencionais patrulharão pontos de comunicação muito intensa, como portos. O nuclear atuará em áreas mais distantes, onde estão as reservas do pré-sal – estimadas em até 35 bilhões de barris – e a Amazônia Azul, um território marítimo de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, situado até 200 milhas náuticas (370 km) ao longo da costa.

Rica em biodiversidade, a Amazônia Azul, onde o Brasil exerce soberania, com direito a exploração, aproveitamento e gestão dos recursos naturais, tem minerais como fosforita, ouro, manganês e calcário, com aplicações diversas, da agricultura à construção civil.

“Além disso, 95% do comércio exterior brasileiro passam pelo mar, onde o Brasil também prospecta a maior parte do petróleo e gás natural”, destaca a Marinha.

Fonte: SINCOMAM / Margarida Putti