Braskem não prevê redução no preço da nafta da Petrobras

Braskem não prevê redução no preço da nafta da Petrobras

A Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, não espera redução sobre os preços da nafta pagos à Petrobras nos últimos seis meses, a partir de setembro, período em que vigorou o segundo aditivo ao contrato de fornecimento da matéria-prima firmado entre as companhias.

O aditivo, que expira sábado, prevê preços em aberto para a nafta e retroativos ao início de setembro. “Não espero ajuste retroativo negativo e também espero que o novo contrato não traga custo adicional”, disse o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, em encontro com analistas e investidores.

A Petrobras, uma das duas acionistas majoritárias da petroquímica, fornece 70% das 10 milhões de toneladas de nafta consumidas anualmente pela Braskem, por meio de contrato de longo prazo que pode movimentar mais de R$ 10 bilhões por ano, conforme o preço internacional do insumo. O segundo aditivo ao contrato, que venceu originalmente em fevereiro do ano passado, expira no próximo dia 28 e não há acordo sobre novo contrato ou prorrogação.

Segundo Fadigas, a Braskem e o setor petroquímico têm posições idênticas quanto à conta da nafta. “Entendemos que os custos de importação de matéria-prima não pertencem ao setor petroquímico”, reafirmou. Segundo o executivo, desde quando houve a última expansão da indústria com base em nafta petroquímica, da Copesul, há 15 anos, a indústria brasileira consome o mesmo volume de matéria-prima. “Naquele momento, a Petrobras era exportadora de nafta e gasolina. Isso mudou em 2009 e se mudou, não foi por conta da demanda do setor [petroquímico], mas sim de gasolina”, disse.

Fadigas argumentou que a referência de preços negociada com a Petrobras é a ARA (Amsterdã-Roterdã-Antuérpia), que é “uma das naftas mais caras do mundo”. “O preço ARA em si já tem sido alto o suficiente para reduzir o potencial da indústria petroquímica europeia. Logo, já não é boa referência. Falar em prêmio sobre isso? O setor tem impossibilidade de conviver com isso, primeiro porque se existe custo logístico, ele pertence ao setor de combustíveis”, defendeu o presidente da Braskem.

O impasse entre as companhias decorre do desejo da Petrobras de repassar à Braskem os custos com importação de nafta. A petroquímica, por sua vez, alega que não tem de assumir uma conta que nasceu da escolha da estatal de usar nafta própria como combustível e atender à petroquímica com o derivado importado.

“Ainda que fosse aceitável [esse repasse], o setor não tem condições de absorver, visto os dois recordes negativos da indústria no ano passado [taxa de operação mais baixa da história e maior índice de participação de importados no mercado doméstico]”, afirmou. “Por aqui se começa a estabelecer uma primeira referência do que a gente entende como o limite do razoável para pagar pela nafta.”

Na apresentação de ontem, o executivo voltou a dizer que a Braskem gostaria de erguer no país um projeto similar ao que está em vias de entrar em operação no México, porém esbarra na falta de acordo sobre matéria-prima com a Petrobras. Naquele país, a Braskem é sócia da mexicana Idesa no Projeto Etileno XXI, que vai produzir 1 milhão de toneladas de eteno a partir de gás e polietilenos de alta e baixa densidade. “A Braskem quer fazer algo similar no Brasil, mas é preciso haver um contrato de matéria-prima e não conseguimos avançar nas conversas com Petrobras.”

Outro importante contrato da companhia também está em negociação neste momento. A Braskem e outras seis empresas eletrointensivas continuam conversando com o Ministério de Minas e Energia sobre a renovação do contrato de fornecimento de energia com a Chesf, que garante um preço inferior pelo insumo e vai expirar em junho.

Os contratos totalizam cerca de 800 MW médios e garantem o preço de R$ 110 por megawatt-hora (MWh). Conforme a direção da petroquímica, a renovação do contrato deve resultar em novos investimentos na região Nordeste, onde está boa parte das operações da Braskem que é atendida pela energia da Chesf.

“Nossas prioridades hoje são a renovação do contrato de nafta com a Petrobras e a renovação do contrato com Chesf. Hoje, esse contrato abastece principalmente [as operações na] a região Nordeste”, afirmou o vice-presidente da unidade de insumos básicos da petroquímica, Marcelo Cerqueira. Além da Braskem, têm contrato especial com a Chesf as empresas Gerdau, Vale, Dow, Paranapanema, Ferbasa e Mineração Caraíba.

Fonte: Valor Econômico/Stella Fontes | De São Paulo