CONSELHEIRO RECOMENDA FOCO EM DRAGAGEM E CAPACIDADE PARA ACOMPANHAR COMÉRCIO GLOBAL

CONSELHEIRO RECOMENDA FOCO EM DRAGAGEM E CAPACIDADE PARA ACOMPANHAR COMÉRCIO GLOBAL

O especialista em shipping Julian Thomas acredita que o Brasil deveria priorizar os investimentos em infraestrutura para acompanhar a dinâmica do comércio marítimo global. Ele observa que, nos últimos anos, o país perdeu um pouco do foco nos aportes em acessos, principalmente na questão da dragagem, e em capacidade adicional (novos terminais). Para Thomas, presidente do conselho de administração da Log-In Logística Intermodal, atualmente existem discussões relacionadas a temas como verticalização e à oferta de serviços integrados pelos transportadores marítimos que estão fora de contexto.

“Infelizmente, estamos num momento em que perdemos um pouco o foco nos investimentos requeridos em infraestrutura, criticando se armadores deveriam fornecer serviços integrados. Se fala erradamente de verticalização, se fala de coisa como ‘self-preferencing’ (condutas anticoncorrenciais de auto preferência por parte de armadores), que são neblina para afastar o mais importante”, disse Thomas, na última semana, em entrevista ao podcast da Solve Shipping, que teve como tema “A transformação do shipping sob a ótica de um CEO”.

Thomas identifica o Brasil com limitações para ampliar a recepção de porta-contêineres, hoje na faixa de 10.000 TEUs a 12.000 TEUs, para 15.000 TEUs a 16.000 TEUs em seus portos. “Já tivemos essas limitações antes. É uma questão de tempo e de investimento para chegar lá. Não acredito que o Brasil ficará de fora dos principais corredores de comércio porque é importante demais em termos de fornecimento de produtos agrícolas em contêineres. Mas precisa fazer o dever de casa para chegar lá”, analisou. A nível global se diz que o tamanho dos maiores navios chegou no seu limite em 24.000 TEUs e não deve passar deste patamar.

O especialista enfatizou que o foco do setor portuário brasileiro precisa ser em trabalhar para eliminar essas travas causadas pelas limitações dos acessos aquaviários. Ele acrescentou que falta segurança jurídica para viabilizar os investimentos de agentes privados no aprofundamento e na manutenção dos canais de navegação dos portos públicos. “A questão não é se, mas quando. A iniciativa privada está disposta a financiar a dragagem, mas as autoridades precisam viabilizar os passos para chegar lá”, apontou Thomas.

Fonte: Portos e Navios