Crescem chances de aditivo entre Petrobras e Braskem
É grande a probabilidade da definição quanto ao custo do fornecimento de nafta (principal matéria-prima do setor petroquímico) da Petrobras para a Braskem estender-se além de fevereiro. O presidente da Braskem, Carlos Fadigas, admite que, dentro do cenário atual, um novo aditivo no acordo é uma opção concreta.
“Se você não tem um contrato, esse (aditivo) sempre é uma possibilidade, a forma pode ser qualquer uma e acho que é um momento difícil de se discutir algo definitivo com a Petrobras”, afirma Fadigas. No final de agosto de 2014, a Braskem assinou com a estatal um aditivo ao contrato de nafta com vigência até o fim deste mês de fevereiro. As condições daquela ocasião foram mantidas e o preço será ajustado retroativamente a 1 de setembro de 2014, quando da assinatura do novo acerto. Até agora, as empresas, que não revelam os números debatidos, não chegaram a uma indicação final sobre o valor da nafta.
Fadigas admite que a confirmação da saída da presidente Graça Foster e de cinco diretores da Petrobras irá impactar todas iniciativas importantes que a estatal está fazendo. “É natural que, em uma troca de administração, os assuntos mais relevantes, e esse (a nafta) é um assunto relevante, entrem em compasso de espera e isto soma-se à nossa preocupação”, comenta. O executivo acrescenta que é pouco o tempo para resolver o tema, sem contar que no mês haverá o feriado de Carnaval. “O fundamental é que não pare (a cadeia petroquímica)”, frisa Fadigas.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, também não descarta que ocorra uma nova prorrogação do acordo vigente, pois a Petrobras atravessa um período delicado que pode atrapalhar a tomada de decisão. O dirigente defende que deve prevalecer o bom-senso nesse tipo de negociação, que, para Roriz, seria o alinhamento dos preços das matérias-primas nacionais com as internacionais. O integrante da Abiplast adverte que se a Petrobras decidir por elevar o valor da nafta será “o caminho mais curto para destruir a cadeia produtiva do plástico”.
“O mundo inteiro hoje está tendo acesso a matérias-primas muito mais baratas, o petróleo está com metade do preço do que era há um ano”, frisa. Roriz acrescenta que os grupos estrangeiros, tendo disponibilidade de insumos mais vantajosos, causarão um impacto enorme com a entrada de seus produtos no Brasil. “Vão tomar o nosso mercado e fazer com que a situação fique mais crítica do que está”, teme o dirigente. Roriz ressalta que o País já verifica problemas de competitividade devido a fatores como juros e carga tributária elevados, burocracia, falta de água, aumento no custo da energia, entre outros, o que deixa a nação vulnerável.
Fadigas esteve na tarde de ontem em Porto Alegre fazendo uma visita de cortesia ao governador José Ivo Sartori. O dirigente e executivos da Braskem foram recebidos, por cerca de uma hora e vinte minutos, na ala residencial do Palácio Piratini.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)/Jefferson Klein