Demanda chinesa puxa preço do minério

Demanda chinesa puxa preço do minério

O minério de ferro, uma fonte central de lucros para algumas das maiores empresas de mineração do mundo, atingiu seu nível mais alto desde abril, pois a vasta indústria siderúrgica chinesa continua operando a um ritmo acelerado.

As importações chinesas da matéria-prima estão em vias de ultrapassar o recorde de 1 bilhão de toneladas registrado no ano passado, pois as usinas siderúrgicas estão aumentando a produção, numa tentativa de lucrar com os altos preços domésticos.

Ontem, os contratos futuros de aço negociados mais ativamente atingiram um pico em quatro anos em Xangai, enquanto os consumidores intensificavam as compras antes de implementar cortes na produção. Pequim ordenou que produtores de aço em quatro províncias setentrionais baixassem sua produção, neste inverno, como parte de um esforço para reduzir a crônica poluição do ar.

“Com as margens chinesas de aço em altas plurianuais, a demanda de minério de ferro poderá continuar a surpreender”, informou o J.P.Morgan.

Juntamente com o carvão coque, o minério de ferro é um dos principais ingredientes na fabricação de aço. Como as usinas chinesas estão operando a plena capacidade, elas utilizam cada vez mais minerais com teor mais elevado de ferro – de 62% ou mais -, para aumentar a produção.

Isso é uma bênção para grandes fornecedores, como a Vale, a BHP Billiton e a Rio Tinto, que anunciaram na semana passada planos de pagar dividendos num total de US$ 3 bilhões a seus acionistas, em parte devido aos crescentes preços do minério de ferro.

Desde que caiu para US$ 53 em maio, o minério de ferro subiu mais de 40% devido à forte demanda chinesa, mas também a um contido crescimento da oferta.

A produção chinesa de aço aumentou 4,6% no primeiro semestre deste ano, a taxa de crescimento mais rápida desde 2013, enquanto a Vale e a Rio Tinto anunciaram um corte na produção do ano inteiro.

O minério de referência australiano, com teor de ferro de 62% subiu 3%, para US$ 76,10 a tonelada, ontem, de acordo com uma avaliação do The Steel Index, um provedor de dados sobre commodities.

Chris Mawe, diretor financeiro da Ferrexpo, um produtor de minério de ferro com ações negociadas em Londres, disse ao “Financial Times” acreditar que a demanda por minério e pellets de alta qualidade permanecerá aquecida, já que a indústria siderúrgica chinesa investe em altos-fornos maiores, que são menos poluentes.

“As usinas com as quais estamos conversando, na China, estão reportando muitos controles [mais] rigorosos sobre as emissões,,, e especificações muito mais exigentes para o aço que produzem, o que realmente as obriga a usar minério com teor mais elevado de ferro”, disse ele.

A Ferrexpo produz pellets com 65% de ferro provenientes de minas da Ucrânia. Ao longo da primeira metade do ano, esses pellets foram negociados a um prêmio de US$ 43 a tonelada para minério com 62% de conteúdo de ferro.

Esses comentários são os mesmos enunciados por Jean-Sébastien Jacques, presidente-executivo da Rio Tinto.

Após anunciar o maior dividendo provisório nos 144 anos de história da empresa, na semana passada, Jacques disse que o diferencial de preços entre os minérios de alta e baixa qualidade provavelmente persistirá.

Fonte: Valor