Demanda menor da China reduz navios de soja em portos brasileiros

Demanda menor da China reduz navios de soja em portos brasileiros

A escala de navios previstos para partir de portos brasileiros em abril levando soja conta com um volume 40% menor que o registrado um ano atrás, segundo dados de agências marítimas, em um indicativo de que a demanda chinesa está menos aquecida.

Até o momento, há cerca de 2,8 milhões de toneladas de soja previstas para embarque no próximo mês, contra 4,8 milhões de toneladas agendadas, um ano atrás, para abril de 2013, de acordo com levantamentos de agências marítimas analisados pela agência de notícias Reuters.

Se forem incluídos os navios ainda sem data prevista para atracar —mas que têm boas chances de serem embarcados em abril, tendo em vista a data de chegada ao porto e o tempo habitual de espera—, o “line-up” do próximo mês somaria 5,3 milhões de toneladas atualmente, contra 8,7 milhões para abril do ano passado.

No início do mês, importadores chineses cancelaram até 600 mil toneladas de carregamentos de soja do Brasil e da Argentina para envio entre março e maio, segundo duas fontes do mercado asiático.

A demanda chinesa por farelo de soja, usado na alimentação de aves e principal produto do esmagamento da soja, foi afetada por surtos de gripe aviária, que fizeram os pedidos pelo ingrediente da ração cair em 20% a 30% no período de fevereiro e março, comparado com meses normais, segundo especialistas.

A China, maior importador global da oleaginosa, respondeu por cerca de 80% das compras de soja do Brasil em janeiro e fevereiro.

Uma analista de pesquisa de uma trading operando no Brasil disse que, um ano atrás, seu acompanhamento da escala de navios já incluía agendamentos de toda a soja prevista para embarque em abril e um terço do previsto para maio. Até o momento, os navios do line-up de abril são suficientes para embarcar apenas 80% do volume esperado para o mês.

Para o próximo mês de maio, o interesse por agendamentos está ainda menor: não há nenhuma carga programada atualmente, segundo as agências marítimas, contra mais de 1,2 milhão de toneladas agendadas para maio, um ano atrás.

O país deverá colher 85,4 milhões de toneladas da oleaginosa na atual temporada, segundo o Ministério da Agricultura, e exportar 44 milhões de toneladas do grão em 2014, de acordo com a Abiove, associação que reúne as grandes empresas do setor.

Se confirmadas essas projeções, o país colherá 5% mais que na safra passada e exportará 3% mais.

Fonte: Folha de São Paulo/ REUTERS