Denúncia de fraude na CPI derruba chefe de gabinete da Petrobras em Brasília

Denúncia de fraude na CPI derruba chefe de gabinete da Petrobras em Brasília

O chefe do escritório da Petrobrás em Brasília, José Eduardo Barrocas, homem de confiança da presidente da petroleira, Graça Foster, deixou o cargo. Segundo o Estado apurou, Barrocas caiu por causa do seu envolvimento numa suposta trama para fraudar a CPI da Petrobrás no Senado. A Polícia Federal investiga a denúncia e já intimou o executivo a prestar depoimento.

Barrocas aparece num vídeo, divulgado pela revista Veja, discutindo com o chefe do departamento jurídico do escritório da empresa em Brasília, Leonan Calderaro Filho, e com o advogado Bruno Ferreira as perguntas e respostas que seriam feitas pelos senadores na CPI da Petrobrás aos investigados da petroleira.

Na gravação, Barrocas indica que as perguntas eram combinadas entre o PT e a Petrobrás. Desta forma, os atuais e ex-dirigentes da empresa já saberiam de antemão as perguntas que lhes seriam feitas pela CPI.

A Petrobrás confirmou nesta quinta-feira, 28, o desligamento de Barrocas. Ele deixou o cargo no dia 18 de agosto “retornando ao Rio de Janeiro, sua cidade de origem, onde desempenha atualmente a função de assistente do chefe de Gabinete da Presidência.”

A empresa não comentou o motivo da substituição. O chefe de Gabinete da presidente, Antonio Augusto Almeida Faria, está, interinamente, acumulando a gerência do escritório em Brasília. A informação sobre a troca foi antecipada nesta quinta-feira pelo portal estadao.com. br. A Petrobrás só se manifestou após a publicação da reportagem. Barrocas comandava o escritório da petroleira em Brasília desde 2012, quando Graça assumiu o comando da empresa. Antes disso, trabalhou com a atual presidente na BR Distribuidora.

No diálogo gravado em vídeo, Barrocas cita o assessor especial da Secretaria Especial de Relações Institucionais, Paulo Argenta; o assessor da liderança do governo do Senado Marco Rogério de Souza; e o assessor da liderança do PT na Casa, Carlos Hetzel, como os autores das questões feitas na CPI do Senado. “Perguntei quem é o autor dessas perguntas. Oitenta por cento é do Marcos Rogério. O Carlos Hetzel fez alguma coisa. O Argenta fez outras”, afirma.

A estratégia de combinar perguntas e respostas teria sido colocada em prática em 20 de maio, quando o ex-presidente da Petrobrás Sérgio Gabrielli depôs na CPI. Na gravação, Barrocas diz aos colegas que encaminhara, por fax, um “gabarito” à presidente da estatal, Graça Foster.

A reunião em que se discutiu a fraude à CPI ocorreu no gabinete da presidente da Petrobrás, em Brasília. A sala de reuniões integra o gabinete e o acesso é restrito a servidores da alta cúpula da estatal.

O espaço é usado por Graça para receber autoridades e fazer reuniões com assessores. O gabinete da presidente ocupa todo o segundo andar do prédio da Petrobrás na capital federal. É no mesmo espaço que Barrocas despachava.

Investigação

A fraude está sob investigação da Polícia Federal. Barrocas foi chamado a depor em setembro sobre seu envolvimento. A reportagem apurou que o advogado da estatal Bruno Ferreira, que também aparece nas imagens, já prestou depoimento, mas se recusou a dar qualquer esclarecimento.

A CPI da Petrobrás foi instalada após a presidente Dilma Rousseff informar ao Estado que aprovou a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), com base em resumo “falho” que não trazia informações a respeito de cláusulas contratuais que se tivesse conhecimento não teria dado seu aval.

A compra da refinaria teria provocado prejuízo de US$ 792,3 milhões, conforme apuração preliminar do Tribunal de Contas da União (TCU).

Na quarta-feira, 27, a maioria dos ministros do TCU votou pela liberação da presidente da Petrobrás, Graça Foster, de um bloqueio patrimonial por responsabilidade no negócio envolvendo a Pasadena. A sessão do pleno do TCU foi suspensa após pedido de vista do ministro Aroldo Cedraz, que seria o último a votar. O placar, porém, já estava cinco a dois a favor da executiva da estatal petrolífera.

Fonte: Estadão