Ebola ainda ameaça África, alerta Médicos Sem Fronteiras

Ebola ainda ameaça África, alerta Médicos Sem Fronteiras

Um ano após início de epidemia, ONG divulga relatório e cobra continuidade de ações globais

Um ano após o início da devastadora epidemia de ebola, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta que o baixo número de casos atuais (398 nos últimos 21 dias, segundo a OMS) ainda é mais alto do que qualquer surto anterior, e o número de infectados não tem diminuído significativamente desde janeiro. A ONG divulgou, nesta segunda-feira, um relatório retrospectivo no qual lembra que, apesar dos alertas dos MSF, houve uma “inércia global” até cinco meses depois do início do surto.

No relatório “Pressão além do limite”, estão descritos os alertas prévios feitos por MSF há um ano sobre a propagação dos casos da doença na Guiné, a negação inicial dos governos dos países afetados e os passos que o MSF deu “frente à inércia global”. No fim de agosto, o centro de MSF, em Monróvia, estava sobrecarregado de pacientes. Segundo a ONG, os profissionais foram forçados a negar a entrada de pessoas doentes. Ao longo do último ano, foram tratados quase 5 mil pacientes confirmados com ebola na África Ocidental.

“Para o surto de ebola ter chegado a tal nível de descontrole, foi preciso que muitas instituições falhassem. E elas falharam, com consequências trágicas e evitáveis”, afirmou Christopher Stokes, diretor-geral de MSF.

A organização ainda cobra uma estratégia global para manter pesquisas para vacinas, tratamentos e ferramentas de diagnóstico do ebola. A ONG lembra que, na Guiné, o número de pacientes está crescendo novamente. Em Serra Leoa, muitas pessoas que não constavam na lista de contatos com ebola, agora estão apresentando o vírus. A Libéria, atualmente, está na contagem regressiva para chegar a zero casos, mas continua em risco enquanto o vírus estiver ativo em países vizinhos. Nos três países mais afetados, quase 500 profissionais de saúde perderam suas vidas no último ano.

“O trauma do ebola fez com que as pessoas passassem a desconfiar das instalações de saúde, desmoralizou profissionais de saúde, que agora têm medo de retomar suas atividades, e deixou comunidades afligidas, empobrecidas e desconfiadas”, diz o relatório.

Mortes

A Organização Mundial da Saúde divulgou novos números, mostrando que o número de mortos na África Ocidental (Serra Leoa, Libéria e Guiné) já superou os 10 mil. E que o número de infectados atingiu 24.350.

Embora a região tenha liberado seu último paciente com Ebola em março, da Libéria, grupos como Médicos Sem Fronteiras alertaram a comunidade internacional para que a área continue sob vigilância.

Fonte: O Globo / Agências internacionais