Escândalo Petrobras: vazamento de delação premiada é ‘boataria’, diz ministro

O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, saiu em defesa dos parlamentares apontados na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como parte de um esquema de pagamento de propina na Petrobras.

O ministro, amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, falou em “boataria de um vazamento de um procedimento” ao se referir à delação premiada requerida pelo ex-diretor da Petrobras. Em sua avaliação, vazamento “é uma coisa em geral dirigida”, com a finalidade de “proteger um e beneficiar outro”.

Para Gilberto Carvalho, “estão tentando usar a notícia parcial da delação premiada para, no desespero, mudar o rumo da campanha eleitoral”. O ministro afirmou, entretanto, que “uma simples notícia com o alarde dessa não deverá interferir no destino das eleições”.

Segundo publicado pela revista “Veja” neste fim de semana, pelo menos 25 deputados federais, seis senadores, três governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos – PT, PMDB e PP – teriam sido beneficiados pelo megaesquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef na estatal.

“Nós não estamos aceitando esse processo como um processo por enquanto real. Se ele vier a ser real, as apurações serão feitas como sempre ocorreram“, disse o ministro, após participar do desfile comemorativo do Dia da Independência, em Brasília. “Eu não aceito, não posso tomar como denúncia contra a base aliada, uma boataria de um vazamento de um procedimento que eu não sei qual é”, afirmou.

O ministro fora questionado em entrevista à imprensa sobre a defesa que o governo e a campanha petista presidencial têm feito da necessidade de contar com uma ampla base de apoio no Congresso, mesmo que a atual sustentação política do governo esteja envolvida em denúncias, e afirmou que o importante para o governo é uma base “perfilada com os projetos que estão mudando o Brasil”.

“São partidos diferentes, com comportamentos diferentes, mas o que importa para nós fundamentalmente é a postura de defesa das bandeiras das mudanças que estamos fazendo até agora e estão mudando o país”, disse o ministro, demonstrando contrariedade com o questionamento.

Gilberto Carvalho aproveitou para afirmar a importância de uma consulta popular para a realização de uma ampla reforma política, sobretudo, para “atacar a raiz da corrupção e mudar o sistema político”.

O ministro também confirmou que vai se afastar das atividades de governo a partir da próxima segunda-feira para se dedicar à campanha para a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, sua atuação não se restringirá ao eleitorado religioso – tradicional segmento da sociedade sobre o qual tem sido responsável no governo federal petista. “Meu trabalho é na mobilização com os movimentos sociais em geral”, disse.

Fonte: Valor Econômico / Bruno Peres