ETAM oferece os melhores cursos especializados do setor naval no Rio de Janeiro
Concursados aproveitam o aquecimento do mercado para adquirir novas oportunidades de empregos e ascensão financeira
Uma conceituada instituição destinada à formação de técnicos para a área naval vem atraindo jovens de todo o país. A Escola Técnica do Arsenal de Marinha (ETAM) é o principal órgão de ensino e qualificação profissional integrante da estrutura organizacional do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ). Localizada na Ilha das Cobras (RJ), a ETAM tem suas origens ligadas à história do Arsenal de Marinha e da própria construção e reparação naval no Brasil.
Em entrevista especial ao SINCOMAM, o Diretor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho, relata a trajetória da instituição, sua infraestrutura e os novos projetos de qualificação profissional para os próximos anos.
“Além da estrutura supracitada, os alunos da ETAM também contam com a estrutura de Laboratórios e Oficinas do Complexo Naval da Ilha das Cobras e com visitas aos meios navais da Marinha do Brasil, a empresas e a estaleiros”, afirma o Diretor do AMRJ.
Revista SINCOMAM – O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro comemora 251 anos de existência. Como V. Exa. poderia narrar essa trajetória.
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) é a mais antiga Organização Militar da Marinha. Sua fundação data de 29 de dezembro de 1763, quando o então Arsenal do Rio de Janeiro foi instalado no sopé do Mosteiro de São Bento, com a finalidade de construir e reparar os navios da Marinha de Portugal.
A partir de 1822 passou a chamar-se Arsenal Real da Marinha ou Arsenal da Corte, até a República, quando recebeu a denominação de Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Em 1840, com a necessidade de expansão do Arsenal Real da Marinha, foi iniciada a construção de novas instalações na Ilha das Cobras, começando com a construção de um dique seco.
Em 1938, como já havia uma infraestrutura industrial instalada na Ilha das Cobras maior do que a existente no continente, foi criado o Arsenal da Ilha das Cobras, que passou a funcionar simultaneamente com o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. A partir de 1948 apenas o estaleiro da Ilha das Cobras continuou em atividade, passando a utilizar a denominação de Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ).
A absorção de novas tecnologias empregadas na construção de inúmeros meios navais no Arsenal, ao longo de sua existência, desde a Nau “São Sebastião”, em 1763; passando pela construção da Corveta “Campista”, em 1824; do Cruzador “Tamandaré”, em 1884; do Monitor Fluvial “Parnaíba”, em 1936; dos Navios Hidrográficos e Navios-Patrulha Costeiros, na década de 60; construção de Fragatas, em 1970; de Navios de Assistência Hospitalar, Navio-Escola, Navios-Patrulha de 200t e Corvetas Classe Inhaúma, na década de 80; dentre outros, foi essencial para a eficiência na manutenção e reparo desses meios e garantir, inclusive, o sucesso alcançado no processo de construção de submarinos, cujo projeto foi iniciado em 1982, com a construção de quatro submarinos de tecnologia alemã.
Com relação aos submarinos, foi realizado no dia 27 de outubro de 2014, pelo AMRJ, o transporte do Submarino Tamoio para o interior da Oficina de Construção Naval do AMRJ, manobra denominada “Load In”, permitindo, desta forma, significativa redução no Período de Manutenção Geral (PMG) e consequente antecipação na entrega do meio naval ao Setor Operativo. A manobra consistiu na docagem de uma balsa diretamente no piso do Dique “Almirante Régis”, no alagamento do Dique com a balsa em seu fundo, na docagem do Submarino Tamoio sobre berços e picadeiros posicionados no convés da balsa e na flutuação do conjunto balsa-submarino. Em seguida, com o submarino completamente fora d´água, docado sobre a balsa, o conjunto balsa-submarino foi rebocado e atracado defronte à Oficina de Construção Naval.
A partir dessa posição, com o auxílio de duas carretas, com suspensão hidráulica independente em cada eixo, o peso do submarino foi transferido para essas carretas, que o transportaram para o interior da oficina. Merece destaque o fato de que, no hemisfério sul, esse tipo de manobra com submarinos é realizado apenas pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
R.S. – Ainda em relação à ETAM, V. Exa. poderia relatar a projeção dos cursos da instituição?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – A ETAM foi instituída em 18 de agosto de 1923 a partir do Decreto que dava nova organização aos Arsenais de Marinha da República e criava a Escola Técnica Profissional do Arsenal de Marinha. O objetivo principal era a formação de mão de obra qualificada nos níveis técnico e básico (profissionalizante), a fim de atender às necessidades de recursos humanos do AMRJ.
Ao final dos anos 80, a Direção do Arsenal de Marinha já percebendo que os cursos de formação propedêutica oferecidos pelo mercado atendiam a um número suficiente às necessidades para formação técnica, e diante do alto custo, optou pelo oferecimento de mais vagas para cursos técnicos e profissionalizantes, em substituição aos de formação propedêutica. No entanto, nesse período, a indústria naval brasileira entrava num período de declínio e a oferta de empregos nos estaleiros já não era a mesma dos anos anteriores, situação que se tornaria ainda mais grave ao longo da década de 90.
Em 1990, uma Lei foi sancionada impedindo o aproveitamento dos alunos formados na ETAM como servidores do AMRJ. Diante desse quadro, o Arsenal de Marinha optou por reduzir gradativamente os cursos de formação a partir de 1992 e desativar a ETAM. Em 1997, o AMRJ, que avançava nos projetos de construção de submarinos e corvetas, iniciados na década anterior, necessitava de recursos humanos qualificados, mas não existiam Centros que formassem esses profissionais. Ademais, a perspectiva de reativação do Setor Naval gerava demandas semelhantes nos estaleiros privados. Essa constatação levou à conclusão de que era oportuno reativar a ETAM, para suprir, pelo menos, a carência de técnicos industriais e colaborar na melhoria da qualificação do operariado.
Para viabilizar a reativação da ETAM foi assinado, em 28 de maio de 1999, um convênio entre o Ministério da Educação e a Marinha, para implementar na ETAM o Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP), com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A ETAM foi reativada, então, em 04 de março de 2002.
Hoje, coordenada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra (RM1-T) Wilson Gonzaga Palmeira, a instituição tem como missão a formação de profissionais de nível técnico e a atualização dos trabalhadores a fim de contribuir para o desenvolvimento da indústria naval, e assim, atender às demandas de empregos que estão sendo geradas com o crescimento do segmento, principalmente no estado do Rio de Janeiro.
R.S. – Quais são os objetivos da ETAM na qualificação de trabalhadores para a indústria brasileira?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – A Escola Técnica do Arsenal de Marinha atua com os seguintes objetivos: formar e qualificar profissionais de nível técnico e básico, a fim de contribuir para o exercício da cidadania, através da implementação de um novo modelo de educação profissional, centrado em competências, que se articula, de forma inovadora, à educação básica e, em sintonia com as tendências e demandas do mundo do trabalho, participando do desenvolvimento da melhoria da qualidade de vida da comunidade, da sociedade e da indústria de construção e reparo naval; promover o contínuo aprimoramento da formação de técnicos de nível médio; e propiciar a inserção e a reinserção profissional dos técnicos no mundo produtivo.
R.S. – Referente às instalações da Escola. O que os alunos podem esperar referente à infraestrutura e aprendizado de qualidade?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – A infraestrutura da ETAM é composta de 13 (treze) salas de aula; 1 (um) auditório com capacidade de 80 lugares; 1 (uma) biblioteca, com acervo superior a 8.000 exemplares de obras físicas e possibilidade de acesso a cerca de 4.500 títulos de obras em meio digital. Além disso, durante as aulas práticas, os estudantes têm a disposição os seguintes laboratórios:
– Laboratório de Eletricidade, para aulas práticas de eletricidade, fundamentos de eletricidade e eletrônica, instalações elétricas e máquinas elétricas;
Laboratório de Práticas em Estruturas Navais, destinado ao treinamento de atividades de risco, solda elétrica, corte e solda oxiacetilênica, metrologia e interpretação de desenhos;
– Laboratório de Hidráulica e Pneumática, para desenho de circuitos hidráulicos/pneumáticos, monitoramento e kits de treinamento constituído de painéis de controle, módulos hidráulicos, pneumáticos, eletropneumáticos e eletro-hidráulicos, instrumentos de medição e ferramentas;
– Laboratório de Produção Mecânica, visando às aulas práticas de metrologia e às aulas iniciais de produção e de manutenção mecânica, propiciando ao aluno os primeiros contatos com as ferramentas manuais. Além de possuir cabines de solda para os processos de soldagem por eletrodo revestido e oxiacetileno;
– Laboratório de Eletrônica, composto de equipamentos de medição como multímetros e osciloscópios analógicos e digitais; equipamentos didáticos de circuitos elétricos, de eletrônica, de circuitos digitais, de automação industrial, de controle por Controladores Lógico Programáveis (CLP) e microcontroladores e de telecomunicações; e equipamentos de desenvolvimento de projetos e montagem como estações de solda, “décadas resistivas” e “capacitivas” e matrizes de contato;
– 4 (quatro) Laboratórios de Informática, para aulas com “softwares” básicos e programas específicos para a área de planejamento e acompanhamento de obras, controle por CLP, simulação de circuitos eletrônicos, elaboração de desenhos estruturais, detalhamentos, planos de linhas e arranjos pertinentes aos respectivos cursos;
– Laboratório de refrigeração, equipado com bancadas de refrigeração e ar condicionado, para fins especificamente didáticos. Uma das bancadas de refrigeração simula todo o ciclo de funcionamento de instalações frigoríficas de bordo com duas câmaras distintas (verdura e carne) e a outra se aplica à simulação de diversos sistemas refrigerados, permitindo ao instrutor produzir defeitos a serem identificados e sanados pelos alunos. A bancada de ar condicionado simula circuitos de refrigeração de compartimentos, baseados em sistemas de água gelada, permitindo o controle local e remoto de todo o equipamento, que é similar ao utilizado em navios e instalações prediais de porte, como nos centros comerciais, hospitais, entre outros.
R.S. – Como é realizado o processo seletivo para ingressar na ETAM?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – Para ingresso nos cursos técnicos da ETAM, todos os candidatos devem realizar o processo de seleção através de Concurso Público, oferecido semestralmente para os Cursos Técnicos em Eletrônica, Eletrotécnica, Mecânica e Estruturas Navais. Os citados cursos têm duração de 3 (três) semestres, em uma programação de aulas de 07:40h às 15:30h, e é destinado aos brasileiros, de ambos os sexos, que tenham concluído o 2º ano do Ensino Médio até a data da matrícula na ETAM.
R.S. – Quantos alunos são formados por turma e qual é a validade do curso? Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – Em média são formados 100 (cem) alunos por turma, considerando as 4 (quatro) especialidades/cursos. O concurso tem chamada imediata. Os alunos com melhor classificação, durante esse curso, são, após a formatura, contratados pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) no cargo de Técnico de Projetos Navais, de acordo com as vagas disponibilizadas no edital.
R.S. – Quais habilidades o interessado precisa dispor para se inscrever no concurso da ETAM?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – Não é requerido do aluno nenhuma habilidade ou competência prévia. Somente é exigido, por força do edital, que o aluno tenha concluído, no momento da matrícula, a segunda série do Ensino Médio. Não há limite de idade.
R.S. – O que os candidatos podem esperar da ETAM?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – Além da estrutura física apresentada, um corpo docente composto por engenheiros e técnicos, com experiência na área naval e na área industrial. Some-se a isto o fato da Escola estar inserida fisicamente dentro de um grande estaleiro, o AMRJ, onde os alunos têm, uma experiência profissional ímpar. No edital de cada concurso, é estabelecido o número de futuros profissionais a serem contratados pela EMGEPRON para trabalharem no AMRJ no cargo de Técnico de Projetos Navais. A seleção é realizada pela classificação dos alunos em cada curso.
R.S. – Quais são as perspectivas de carreira e salário para os novos formandos da ETAM?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – Os contratados pela EMGEPRON para prestar serviços no AMRJ têm o salário base de R$ 1.669,00 (hum mil, seiscentos e sessenta e nove reais), referente ao mês de janeiro de 2014.
R.S. – Quando será realizado o próximo processo seletivo?
Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho – O edital do concurso é disponibilizado, normalmente, nos meses de maio e novembro. Outras informações poderão ser obtidas no site da própria EMGEPRON: www.emgepron.mar.mil.br. O último edital ofereceu 30 vagas para cada especialidade de Curso Técnico (Eletrônica, Eletrotécnica, Estruturas Navais e Mecânica).
Ao final da entrevista, o Diretor do AMRJ, Contra-Almirante (EN) Mario Ferreira Botelho ressaltou que é importante que o interessado tome conhecimento dos editais dos concursos disponibilizados na página da EMGEPRON e quanto a carreira militar sugere ao interessado que acesse a página da Diretoria de Ensino da Marinha (DEnsM) em www.ensino.mar.mil.br, onde constam os diversos concursos, conforme a faixa etária e a escolaridade.
Fonte: SINCOMAM / Margarida Putti