Iesa confirma fim de férias em Charqueadas (RS)
As férias coletivas, decretadas em meados de setembro pela planta de construção naval da Iesa Óleo e Gás, localizada em Charqueadas, estão prestes a acabar. O departamento de Comunicação e Marketing da companhia confirmou que os funcionários retomarão as suas atividades na próxima semana, a partir da quarta-feira. Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do município, Jorge Luiz de Carvalho, são cerca de 800 pessoas que devem voltar ao trabalho.
O prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar de Abreu Souza, admite que a notícia é animadora. “Mas o que vai nos tranquilizar é a Iesa consolidar a parceria com a Andrade Gutierrez”, enfatiza o dirigente. De acordo com Souza, a expectativa é de que esse processo seja finalizado nos próximos dias. O grupo Andrade Gutierrez apalavrou a realização de sociedade com a Iesa, mas até o momento o contrato ainda não foi assinado.
Em nota, a Andrade Gutierrez informa que “o acordo com a Petrobras e a Iesa para entrada no projeto do polo naval de Jacuí já encerrou sua fase de negociação. A empresa está acompanhando de perto as negociações dos trabalhadores com a Iesa e só irá se pronunciar sobre o tema após a assinatura do contrato.” O prefeito de Charqueadas comenta que já há pessoal da Andrade Gutierrez atuando no complexo gaúcho e tomando decisões em conjunto com a Iesa.
A planta foi construída para fabricar módulos de compressão para plataformas de petróleo replicantes (idênticas) que serão instaladas na área do pré-sal. As estruturas foram encomendadas pela Tupi BV, que tem como acionistas a Petrobras, o BG Group e a Petrogal. O valor das encomendas supera o patamar de R$ 1 bilhão, porém seus cronogramas encontram-se atrasados. A Iesa vem sofrendo dificuldades para operar sua unidade no Rio Grande do Sul em razão de problemas econômicos enfrentados pelo seu grupo controlador (a Inepar), que há pouco tempo entrou em processo de recuperação judicial. A Inepar possui dívidas com credores na ordem de R$ 4 bilhões. Entre as instituições financeiras que esperam receber da companhia estão o Badesul (R$ 43,7 milhões), o Banrisul (R$ 3,6 milhões) e o BRDE (R$ 1,4 milhão).
Inicialmente, a perspectiva era que a estrutura de Charqueadas fizesse 24 módulos, com a possibilidade de mais oito serem acrescentados a esse total. Porém, devido à demora na realização da demanda, esse número caiu pela metade. “Se mantivermos os 16, está muito bom”, conforma-se o prefeito. Entretanto, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da cidade considera que o polo naval do Jacuí está comprometido com a perda de parte das encomendas. “Nada do que foi propagado está se confirmando”, lamenta Carvalho. O sindicalista acrescenta que os trabalhadores estão receosos que tão logo sejam encerradas as férias coletivas, a empresa demita alguns funcionários. O presidente do sindicato também revela que outro temor é quanto ao atraso de pagamentos. Carvalho adianta que, se os rumores negativos forem verdadeiros, não está descartada a realização de uma greve.
Fonte: Jornal do Comércio