Marinha intensifica ações no Arquipélago de Porto Alegre

Marinha intensifica ações no Arquipélago de Porto Alegre

A Marinha do Brasil (MB) intensifica, desde o último fim de semana, o emprego dos militares no bairro do Arquipélago, em Porto Alegre, por meio do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Apoio à Defesa Civil no Rio Grande do Sul. Ao todo, cerca de 200 militares são empregados no Arquipélago desde 31 de maio, quando o nível da água reduziu e a área tornou-se acessível.

Enquanto a cota de inundação nas demais áreas da capital gaúcha é de 3,60 metros, nas ilhas – que possuem mais de 8 mil habitantes – varia entre 2,10 e 2,20 m, tornando o acesso mais difícil e aumentando o risco para as famílias. Com o nível do Guaíba em 3,03 m, parte do Arquipélago segue embaixo d’água. Por conta disso, após reunião entre representantes da comunidade e autoridades, como o Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e o Chefe do Estado-Maior da Força Naval Componente, Contra-Almirante (Fuzileiro Naval) Max Guilherme de Andrade e Silva, foi percebida a necessidade de intensificar as ações na área.

O Comandante do Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais em Apoio à Defesa Civil no RS, Capitão de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) Carlos Eduardo Gonçalves da Silva Maia, afirma que os militares dão continuidade às ações do primeiro contingente do Grupamento, iniciadas em maio, quando tudo praticamente começou. “Agora, após uma substituição de pessoal, já com o segundo contingente, composto por uma nova tropa vinda do Rio de Janeiro, vamos atuar com tudo na região das Ilhas do Arquipélago, que está muito afetada, bastante carente e necessitando de apoio em vários aspectos”, afirma o Comandante Gonçalves Maia.

Os militares trabalham na desobstrução de estradas e, sobretudo, limpeza de escolas, para que as crianças possam voltar a estudar. Além disso, foram montadas barracas modulares, como um ponto de apoio, para que membros da Força e demais envolvidos possam auxiliar a população. O Grupamento também destinou militares para o transporte de doações e brinquedos para as escolas atingidas e instalou geradores para que os serviços sejam executados.

A Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Ilha da Pintada atende 130 crianças de 3 a 6 anos, e segundo a Vice-Diretora da escola, Fabiana Rzytki, essa é a primeira vez que o centro de ensino é inundado. “Tudo isso foi bem traumatizante. A escola tem 30 anos e, por ser uma área alta da ilha, nunca havia entrado água aqui, mas dessa vez entrou água até um metro e meio, destruindo todo o primeiro piso: todo o mobiliário, materiais e eletrodomésticos foram danificados. Já descartamos sete caminhões de materiais. Agora, estamos passando por esse processo de reerguer a escola para voltar a receber nossos alunos, porque a gente acredita que lugar de criança é na escola, aqui eles estão muito mais seguros, recebem quatro alimentações diárias, cuidado, educação e aprendizagem. Por isso, essa ação que a Marinha está realizando é fundamental, porque a gente não tem mão de obra suficiente para dar conta de todo esse espaço”, explica.

Desde que os esforços foram intensificados, os militares já realizaram a limpeza e a recuperação de duas escolas da Ilha da Pintada; da Associação dos Amigos, Artesãos e Pescadores da Ilha da Pintada; e da Subprefeitura. Nas ações, foram empregados 14 meios, incluindo uma pá carregadeira, uma minicarregadeira, uma retroescavadeira, um Cavalo Mecânico (veículo usado para reboque), um caminhão prancha, duas viaturas leves e sete viaturas pesadas.

Marinha atua no transporte de cobertores

Com a abertura do acesso às Ilhas, por meio da remoção de diversos carros, caminhões e bancos de areia das estradas, a Defesa Civil e os grupos de voluntários conseguiram ampliar a atuação no local e, dentre as ações realizadas, está a arrecadação de aproximadamente 10 mil cobertores, encabeçada pelo grupo Velejadores Solidários e transportada pela MB, partindo da Arena do Grêmio para os pontos de apoio das Ilhas para distribuição pelos voluntários civis às famílias. “Essa articulação entre voluntários e Forças Armadas ajuda muito. É importante que a população se lembre que estamos todos do mesmo lado”, ressalta um dos coordenadores dos Velejadores Solidários, Ricardo Ferrazzo Ribeiro.

O padre Rudimar Dal Asta, responsável por um dos pontos de apoio na Ilha da Pintada, afirmou que “os cobertores doados certamente serão usados como paredes, já que muitas casas perderam parte delas”. Ele ainda salientou que, nesse momento, é essencial que sejam doados produtos de limpeza, colchões e móveis para que essas famílias possam recomeçar suas vidas.

Fonte: Agência Marinha de Notícias