Marinha investe em embarcações autônomas para fortalecer a defesa nacional
Sob o céu cinzento do Atlântico, uma embarcação corta as ondas sem ninguém a bordo. Com precisão cirúrgica, ela segue sua rota, monitorada à distância por operadores da Marinha do Brasil. Essa não é uma cena de ficção científica, mas sim a realidade do Veículo de Superfície Não Tripulado (VSNT), um dos projetos mais inovadores da defesa nacional. Apostando na tecnologia de drones navais, a Marinha investe no desenvolvimento dessas embarcações autônomas para reforçar a defesa marítima e ampliar suas capacidades operacionais.
Tecnologia e Inovação na Defesa Marítima
O VSNT representa um avanço significativo na tecnologia militar, utilizando sensores de última geração e sistemas de inteligência artificial para executar missões sem intervenção humana direta. A Marinha do Brasil iniciou o projeto em 2021, sob a coordenação do Centro de Análises de Sistemas Navais (CASNAV), convertendo inicialmente uma embarcação semirrígida em um veículo não tripulado. O sucesso da iniciativa levou à criação do VSNT-LAB, uma plataforma avançada que combina robótica e automação para aprimorar operações navais.
Além da capacidade de vigilância e patrulha, o VSNT pode ser empregado em missões de guerra de minas, reconhecimento e monitoramento ambiental. Seu desenvolvimento conta com parcerias estratégicas entre a Marinha, instituições acadêmicas e a Base Industrial de Defesa, garantindo um fluxo contínuo de inovação tecnológica para a segurança marítima do Brasil.
O Papel do VSNT na Estratégia de Defesa da Marinha
A criação do VSNT marca um novo capítulo na doutrina de operações navais da Marinha do Brasil. O CASNAV, responsável pelo projeto, tem trabalhado para expandir suas aplicações operacionais, especialmente em missões de contramedidas de minagem. Minas marítimas são ameaças silenciosas que podem comprometer a segurança de rotas estratégicas, e o VSNT-CMM foi desenvolvido justamente para mitigar esse risco.
Durante exercícios como o “MINEX-2023” e o “MINEX-2024”, realizados em Salvador (BA), a Marinha demonstrou a eficácia dos drones navais na detecção e identificação de minas navais. O VSNT-CMM opera de forma remota, semiautônoma ou totalmente autônoma, adaptando-se às necessidades da missão. Em colaboração com o Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), o veículo trabalha em conjunto com submarinos autônomos para localizar e neutralizar ameaças submersas.
O sucesso do projeto tem levado a Marinha a explorar novas aplicações para os VSNTs. Além das operações de guerra de minas, os veículos não tripulados poderão integrar futuramente as fragatas da Classe Tamandaré, ampliando suas capacidades em missões de reconhecimento e defesa de infraestruturas críticas.
A Revolução dos Drones Navais: Implicações para o Brasil e o Mundo
Além do impacto na segurança, o desenvolvimento do VSNT impulsiona a Base Industrial de Defesa, estimulando parcerias entre a Marinha e empresas nacionais, como a DGS Defense, responsável pelos cascos do veículo. Isso não apenas fomenta a inovação tecnológica, mas também gera oportunidades econômicas no setor de defesa e segurança.
O futuro do projeto prevê a aquisição de novos sensores e a ampliação da frota de veículos autônomos. Em 2025, a Marinha pretende iniciar testes de operação em “enxame”, coordenando múltiplos VSNTs para atuarem de forma cooperativa em missões estratégicas. Essa abordagem promete aumentar a eficiência e a cobertura operacional da defesa marítima brasileira.
Combinando ciência, tecnologia e inovação, os drones navais da Marinha do Brasil representam um avanço crucial para a segurança nacional. O VSNT não apenas reforça o poder naval, mas também coloca o Brasil na vanguarda da robótica militar, garantindo que suas águas sejam protegidas com eficiência e inteligência artificial.
Fonte: Defesa em Foco