Oficial da Marinha ucraniana é morto por soldado russo na Crimeia

Oficial da Marinha ucraniana é morto por soldado russo na Crimeia

Primeiro-ministro ucraniano acusa a Rússia de querer desmembrar a Ucrânia

Um soldado russo matou a tiros um oficial da Marinha ucraniana na Crimeia, nesta segunda-feira, a segunda morte desde que a Rússia tomou o controle da península no mar Negro, no mês passado. Enquanto a tensão aumenta na região, manifestantes pró-Rússia que desde o fim de semana ocupam prédios públicos em Donetsk, no leste do país, proclamaram a região uma república soberana e convocaram um referendo de adesão à Rússia para o próximo dia 11 de maio.

Em Donetsk, um porta-voz da oposição pediu ajuda ao governo russo para “resistir à junta que governa Kiev“, em referência ao governo provisório pró-ocidental que, após três meses de manifestações de rua, derrubou o presidente Viktor Yanukovich, favorável ao Kremlin. Mais de 2 mil ativistas pró-russos participaram de um ato perto da sede da administração da província, cercada por mais de 200 policiais.

Os manifestantes agitavam bandeiras russas e exibiam cartazes com lemas como “Donetsk, cidade russa” e “Queremos um referendo”. Ao menos 150 pessoas invadiram o prédio e ergueram barricadas para se proteger, enquanto exigiam a realização de uma sessão extraordinária da Câmara local para convocar um referendo, sob a ameaça de designar seu próprio “conselho do povo”. Eles retiraram a bandeira ucraniana do prédio e hastearam em seu lugar uma bandeira russa.

Em Kharhiv, manifestantes também tomaram a sede da administração regional e repetiram o ato simbólico que marca a tomada de prédios públicos na Ucrânia. Dezenas de manifestantes entraram no prédio quando as forças de segurança abandonaram o local. Outra grande mobilização aconteceu em Lugansk, onde um grande número de pessoas se reuniu diante de um edifício dos serviços de segurança ucranianos (SBU) depois de um ato pró-russo.

Mais cedo, o primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatseniuk acusou a Rússia de estar por trás dos protestos e ocupações de prédios do governo nas últimas horas, a fim de desmembrar o país.

A tensão aumentou no domingo, no leste, na sua maioria de língua russa, onde grupos de manifestantes pró-Rússia atacaram e ocuparam prédios do governo nas cidades de Jarkov, Donetsk e Lugansk. Para tentar acalmar a situação, o ministro do Interior, Arsen Avakov, viajará para Jarkov e o vice-primeiro-ministro encarregado de questões de segurança , Vitali Iarema, irá para Donetsk, anunciou o primeiro-ministro.

Avakov afirmou nesta segunda-feira que o prédio da administração regional de Jarkov, ocupado durante o fim de semana, foi totalmente liberado de separatistas.

Fonte: O Globo / Foto: Alexander Nemenov/AFP