A 58 dias da abertura oficial da Copa do Mundo, o governo federal não conseguiu licitar o arrendamento do Terminal de Passageiros do Porto no Recife. Sem a definição de uma empresa especializada na operação, a administração do complexo portuário terá que se desdobrar entre a movimentação de cargas e de passageiros para não fazer feio na recepção dos turistas durante o Mundial de Futebol. Com a aprovação da nova Lei dos Portos, no ano passado, os Estados perderam a autonomia de realizar suas próprias licitações, que agora ficam a cargo da Secretaria Especial de Portos (SEP), vinculada à Presidência da República. O novo Terminal recebeu investimento de R$ 30 milhões e está em funcionamento desde agosto de 2013.

“Se tudo correr muito bem, um processo licitatório como esse demora pelo menos 120 dias para apontar um vencedor. É complexo, porque a licitação exige a realização de audiências públicas. Para a Copa temos certeza absoluta que não vai dar tempo e nós teremos que assumir a operação, assim como fizemos durante a temporada de cruzeiros marítimos”, diz o presidente do Porto do Recife, Schebna Machado de Albuquerque.

Para garantir o atendimento aos turistas, a diretoria do Porto do Recife criou uma comissão interna dedicada a cuidar do Terminal de Passageiros durante a Copa. Serão contratados 60 profissionais terceirizados para fazer o trabalho de limpeza, segurança, receptivo e orientação turística. “Na temporada de cruzeiros contratamos dois atendentes bilíngues, mas dessa vez vamos contratar dez”, compara.

O maior desafio da administração do Porto do Recife será a chegada do navio MSC Divina (transatlântico de luxo), trazendo 3.500 passageiros mexicanos, além de 1.400 tripulantes. A embarcação ficará ancorada no Porto e servirá de hospedagem e plataforma aos visitantes mexicanos que vão assistir aos jogos da Copa nos Estados do Nordeste.

“Como o navio vai funcionar como hotel, o Terminal de Passageiros vai precisar operar durante 24 horas. Só para assistir um jogo em Natal, os passageiros vão demandar 75 ônibus, que sairão do terminal e vão exigir uma operação logística eficiente”, destaca Albuquerque. O navio vai atracar no dia 10 de junho e deverá permanecer dez dias no Recife. “Estamos falando de turistas com grande potencial para voltar ao Estado, dependendo do atendimento que vão receber aqui. Queremos abrir essa porta e não fechar. Ao invés de reclamar preferimos acreditar que há males que vêm para bem. A licitação do arrendamento do Terminal não saiu, mas vamos ganhar expertise e nos destacar nessa operação”, aposta. O custo da operação será bancado pelo pagamento da taxa de manutenção de R$ 15 por passageiro garantido pela empresa dona do navio.

O presidente do Porto do Recife explica que o Tribunal de Contas da União (TCU) pediu esclarecimentos sobre os processos de licitações de vários terminais realizados pela SEP, incluindo Recife. “A informação que recebemos da SEP é que até o final desse mês serão resolvidas as pendências com o TCU para dar início às licitações”, afirma Albuquerque. O gestor acredita que as licitações serão realizadas em lotes e que uma mesma empresa deverá arrendar de dois a três terminais. Pela lista de licitações, a previsão era que os terminais de Santos e do Rio sejam realizadas primeiro e que os equipamentos nordestinos fiquem para um segundo momento. Do investimento total de R$ 30 milhões no Terminal de Passageiros do Recife, o governo federal bancou a maior parte, com contrapartida de 10% do governo de Pernambuco.

Durante os seis meses da temporada, 45 navios de cruzeiro atracaram no Porto do Recife, com 50 mil passageiros utilizando as instalações do novo Terminal Marítimo de Passageiros.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)