Pressão para que a IMO adote taxa sobre emissões de GEE continua
A pressão sobre a Organização Marítima Internacional (IMO) para implementar uma taxa sobre as emissões de gases de efeito estufa (GEE) segue intensa, especialmente diante das próximas negociações de 2025 sobre medidas de médio prazo para reduzir as emissões no setor marítimo. Um novo estudo do UCL Energy Institute e da UMAS aponta riscos significativos em algumas das opções em debate, incluindo a taxação de GEE, para viabilizar a transição energética no transporte marítimo.
Utilizando a abordagem do custo total de propriedade (TCO), o estudo modela um navio porta-contêineres de 14.000 TEU com diferentes tecnologias e combustíveis, avaliando os impactos das políticas em discussão, como um padrão de intensidade de combustível (GFI), um mecanismo de flexibilidade e um sistema de imposto e subsídio/recompensa. A análise sugere que ajustes nos custos de biocombustíveis e na taxa de captura de carbono (CCS) podem alterar significativamente os resultados esperados, reduzindo a viabilidade de algumas opções inicialmente consideradas competitivas. A amônia, especialmente a e-amônia, desponta como a alternativa mais econômica a partir de meados da década de 2030, enquanto os e-combustíveis apresentam o menor custo de conformidade até 2040.
O estudo conclui que um padrão global de combustível (GFS) combinado com um mecanismo de flexibilidade dificilmente estimulará a transição para e-combustíveis antes de 2040. Apenas políticas que incentivem diretamente esses combustíveis, como um subsídio financiado por uma taxa sobre as emissões de GEE, podem viabilizar a mudança durante o período crítico de 2027-2035. Sem essas medidas, há o risco de o setor ficar preso a alternativas que dificultariam o cumprimento das metas de descarbonização de longo prazo.
A análise reforça achados da DNV na Avaliação de Impacto Abrangente da IMO, indicando que a transição energética de menor custo ocorre quando um GFS é combinado com um imposto elevado sobre as emissões de GEE. Segundo o estudo, uma taxa de pelo menos US$ 150 por tonelada de CO2e geraria receita suficiente para financiar a transição energética e garantir uma mudança justa e equitativa. Por outro lado, uma precificação de apenas US$ 30 por tonelada seria insuficiente para impulsionar a transição e oferecer suporte adicional às comunidades afetadas.
O professor Tristan Smith, do UCL Energy Institute, enfatiza que a política de combustível da IMO é essencial para garantir demanda e investimento de longo prazo, mas isoladamente não será suficiente para viabilizar os e-combustíveis antes de 2040. Ele argumenta que a taxação de GEE não apenas promove equidade, mas também é um fator crítico para a transição energética do setor marítimo e a redução dos custos operacionais a longo prazo.
Com o tempo reduzido para essa transformação, a falta de um modelo de negócios viável pode dificultar investimentos, inibir o aprendizado e a redução de custos, além de impedir o desenvolvimento da cadeia de suprimentos dos e-combustíveis. Por outro lado, um sinal claro das medidas da IMO pode destravar investimentos de longo prazo, estabilizar retornos financeiros e gerar benefícios adicionais, incluindo uma transição justa e equitativa para todas as partes envolvidas.
Fonte: Portos e Navios