SEP e Ivig lançam manuais de boas práticas portuárias
Levantamento realizado por pesquisadores do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (IVIG/COPPE/UFRJ), e uma rede formada por 17 Instituições, estima que no ano passado os 22 portos que participam do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e Efluentes geraram, aproximadamente, 5,3 mil toneladas de material reciclável (contando somente metal, papel e plástico). Este volume de resíduos se fosse comercializado, daria um retorno financeiro para os portos de cerca de R$ 2 milhões. “Este é apenas um exemplo do potencial econômico dos resíduos gerados na área portuária que pode ser transformado em receita”, comentou o coordenador executivo do IVIG/COPPE/UFRJ, Marcos Freitas.
Esses resultados fazem parte do Guia de Boas Práticas Portuárias (lançado no final de 2013) e dos 22 Manuais de Boas Práticas Portuárias. As recomendações e sugestões de adequação contidas nos manuais garantem condições ambientais seguras e em conformidade com a legislação e até possibilidades de geração de receita. O Programa, proposto e coordenado pelo Departamento de Revitalização e Modernização Portuária, da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR), inclui as áreas de resíduos, efluentes líquidos e fauna sinantrópica nociva (ratos, pombos, insetos e outros animais). E já está em andamento a 2ª fase do Programa, quando serão implementadas as recomendações e executados os Projetos Básicos das alternativas propostas em cada um dos portos.
O Programa também constatou que apenas dois portos – Itajaí e Recife – não precisam construir ou adequar uma área para destinação de resíduos porque já a possuem. Mas no geral, os portos estão praticamente no mesmo nível em relação ao gerenciamento de seus resíduos. Não há uma uniformidade nos procedimentos operacionais, desde a origem até a destinação dos resíduos sólidos. Nos Manuais elaborados para cada um dos 22 portos estão previstas ações para que promovam ajustes.
O diagnóstico também mostrou um cenário para os efluentes sanitários: 17 dos 22 portos estudados necessitam buscar soluções nesta temática. Segundo o professor, já estão sendo desenvolvidos projetos básicos para resolver esta questão, que envolvem a implantação de redes de coleta de esgoto e tratamento, que se dará por meio da construção de estações de tratamento como nos Portos de Belém, Itaqui (MA) e São Francisco do Sul (SC). Ele também comentou que algumas soluções possíveis incluem a criação de uma conexão com a rede de esgotamento sanitário da cidade, como no caso dos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
A fauna sinantrópica nociva — pombos, roedores, baratas, mosquitos, moscas — também foi catalogada. Nos terminais que possuem movimentação e armazenagem de grãos perecíveis, por exemplo, insetos, roedores e pombos são os mais comuns. Dos 22 portos do programa, 18 movimentam grãos e 13 têm grande presença de pombos e moscas. Os quatro que não realizam movimentação de cargas de granel — Vila do Conde (PA), Aratu-Candeias (BA), Itaguaí (RJ) e Itajaí (SC) — registraram índices de infestação muito baixos ou iguais a zero. “As medidas de controle gerais recomendadas pelos manuais podem impedir a entrada, o alojamento e a propagação desses animais, evitando problemas para a economia portuária, a saúde dos trabalhadores e ao ambiente como um todo”, explicou Marcos Freitas.
“Um novo paradigma na gestão ambiental portuária se estabelece, com o suporte da parceria entre portos e universidades locais, e outras instituições de ensino e pesquisa, berço de ideias inovadoras, promotores e difusores do conhecimento, na busca do desenvolvimento sustentável portuário em ambiente de mercado competitivo e no melhor nível de relação porto-cidade, virtudes complementares do bom investimento do dinheiro público”, conclui Antonio Mauricio Ferreira Netto, Diretor do Departamento de Revitalização e Modernização Portuária da SEP/PR.
A execução do Programa é coordenada pelo IVIG e desenvolvida pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da COPPE/UFRJ em parceria com uma rede de competências, formada por 17 Instituições de 14 estados. Com quase 300 pesquisadores, entre professores, doutores, mestres, graduados e estagiários, a Rede desenvolveu ainda trabalhos e linhas de pesquisa em temas de interesse estratégicos, como: legislação e regulação ambiental, gestão de resíduos, gestão ambiental, logística, energia, tecnologias verdes e gestão ambiental portuária. Após o lançamento dos Manuais de Boas Práticas, a equipe de pesquisadores do IVIG e parceiros iniciam a 2ª fase do Programa, quando serão implementadas as recomendações e elaborados os Projetos Básicos em cada um dos portos.
Portos integrantes do programa: Rio de Janeiro e Itaguaí (RJ), Fortaleza, Natal, Recife, Suape, Cabedelo (PB), Maceió; Vila do Conde e Belém/PA; Itaqui/MA; Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus/BA; Vitória/ES; São Sebastião e Santos/SP; São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba/SC; Paranaguá/PR e Rio Grande/RS.
O Guia e os manuais estão disponíveis no site www.cirps.coppe.ufrj.br.