Sete Brasil prepara fase de operação das sondas

Sete Brasil prepara fase de operação das sondas

A Sete Brasil está passando por uma fase de transição. A empresa tem em carteira a construção de 29 sondas de perfuração de poços de petróleo com investimentos totais estimados em US$ 25,5 bilhões. O presidente da companhia, João Carlos Ferraz, será substituído, na sexta-feira, por Luiz Eduardo Carneiro, ex-presidente da petroleira OGX, agora chamada de OGPar. Carneiro, escolhido a partir de uma lista de três nomes, assume a presidência em uma nova etapa, quando a Sete Brasil – ainda hoje uma empresa pré-operacional – se prepara para começar a operar. A previsão é que a primeira sonda seja entregue à Petrobras em junho do próximo ano.

Procurado, Carneiro não se pronunciou. Ele terá também o desafio de concluir a estruturação financeira do projeto das sondas, bem encaminhada pela diretoria que está encerrando o mandato. Ferraz concluiu oficialmente seu período na Sete Brasil em 30 de abril, depois de três anos no cargo, mas na transição permanece na empresa até quinta-feira. Ele ajudou a criar a Sete Brasil, mas não foi reconduzido. No mercado, circulou a informação de que isso teria ocorrido pelo fato dele ter sido indicado para o cargo na gestão do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. A estatal tem 5% da Sete Brasil de forma direta e mantém também participação indireta, de 4,3%, no fundo de investimento em participações, o FIP Sondas, que controla a empresa. Os outros acionistas são Petros, Funcef, Previ e Valia; BTG Pactual, Santander e Bradesco, o FI-FGTS, o fundo EIG e os investidores Luce Drilling e Lakeshore Partners.

Para Ferraz, a não recondução se relaciona com o fato de a Petrobras – que tem a prerrogativa de indicar o presidente da Sete – entender que a empresa precisa, a partir de agora, de um executivo que tenha mais experiência na operação das sondas. “Encaro a não recondução como algo natural. Saio antes da entrega da primeira sonda, mas isso não significa que o trabalho não foi conduzido com êxito, pelo contrário.” A Petrobras afirmou: “Os executivos relacionados na lista tríplice para diretor-presidente se enquadram no novo cenário que a Sete Brasil passa a experimentar. Passada a fase de estruturação da Sete Brasil, a empresa demanda um perfil de executivo com experiência nas áreas de construção e operação de sondas.”

Ferraz também não vê razões para a Sete Brasil ser alvo da CPI da Petrobras no Congresso Nacional, uma vez que a empresa ganhou em licitações internacionais todos os contratos de aluguel das sondas assinados com a petroleira. A Sete ofereceu preços de afretamento diário abaixo da média internacional mesmo tendo de cumprir os índices de conteúdo nacional, que encarecem os projetos. Ferraz afirma que os principais riscos que existiam quando a empresa foi criada foram superados.

Um deles era o risco relacionado ao financiamento do projeto. Pelas contas de Ferraz falta financiar US$ 1,2 bilhão dos US$ 25,5 bilhões necessários para a construção das 29 sondas, 28 das quais serão afretadas à Petrobras em contratos de longo prazo. A 29ª deve ser alugada a outra empresa. A Sete negociou com os bancos a divisão das sondas em três grupos. O primeiro, de nove unidades previstas para serem entregues em 2015 e 2016, vai receber financiamento de US$ 3,7 bilhões do BNDES, além de US$ 220 milhões da UKEF, do Reino Unido. Ferraz disse que essas sondas contarão com crédito de US$ 1,7 bilhão da Caixa via Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). A Caixa disse que o empréstimo está em análise.

O segundo grupo, com 12 sondas para serem entregues em 2017 e 2018, incluirá outro financiamento do BNDES, de US$ 5 bilhões segundo Ferraz, mais uma linha da UKEF, de US$ 580 milhões, e o apoio dos noruegueses Giek e DNB. As duas instituições aprovaram US$ 1,8 bilhão para a Sete Brasil, disse Ferraz. Uma linha de US$ 1 bilhão será concedida pelo Giek e o DNB deve entrar com US$ 180 milhões. Os empréstimos estão associados à importação de bens.

No total, o BNDES deve financiar US$ 8,7 bilhões para as sondas em duas etapas. Os contratos de financiamento das nove unidades devem ser assinados com o BNDES no segundo semestre. Há ainda um grupo com oito sondas para entrega em 2019-2020 que conta com apoio de R$ 10,3 bilhões do Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de financiamento de longo prazo. Ferraz disse que os empréstimos com os agentes financeiros do FMM devem ser assinados até o fim de agosto, quando vence o prazo.

Outro risco que está sob controle, segundo Ferraz, é o de construção. Uma análise feita pela Sete usando ferramenta que simula probabilidades indicou, segundo ele, que há hoje, em um cenário conservador, 90% de chances que as sondas sejam entregues três meses e meio antes do previsto. Os estaleiros brasileiros que constroem as sondas para a Sete foram autorizados a fazer os primeiros cascos das plataformas, ou parte deles, no exterior. Mesmo assim, Ferraz disse que os compromissos de conteúdo nacional para as primeiras sondas construídas no exterior serão cumpridos uma vez que as unidades serão concluídas no país.

Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio