
Porto do Pecém promove o crescimento da região nordeste do País
Principal indutor de desenvolvimento urbano e industrial do estado do Ceará é formado por terminais, pátio de armazenagem de cargas, píer de rebocadores, na expectativa de uma siderúrgica e uma refinaria
O Porto de Pecém é um terminal localizado no estado do Ceará, dentro da Região Metropolitana de Fortaleza, no município de São Gonçalo do Amarante, uma área estratégica para a movimentação de cargas para a Europa e os Estados Unidos. Com operações iniciadas em 2002, o terminal portuário do Pecém foi projetado como um porto off shore, ou seja, permite a atracação de navios a certa distância da costa, dando por isso acesso a navios de maior calado, com capacidade para transportar grandes cargas.
O gigante empreendimento alavanca o crescimento econômico do Estado e está viabilizando importantes obras de infraestrutura na área em que está situado, como a duplicação da rodovia CE-085, conhecida como Estruturante, a construção de novos loteamentos, a reorganização e fiscalização do trânsito municipal, a criação de novas linhas de ônibus, além da forte geração de empregos e renda.
A vida dos moradores e turistas dos dois municípios de instalação do Pecém: São Gonçalo do Amarante e Caucaia, também vem passando por constantes modificações. Atualmente, a movimentação de pessoas nas ruas dobrou e o número de lojas, shopping e comércios abertos sinalizam o aquecimento do setor industrial. Outro fator em evidência é o trafego intenso de carros, motos e caminhões nas principais vias e estradas de acesso ao porto.
De acordo com informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o município cearense tem hoje população estimada em 46 mil pessoas, representando incremento de cerca de 25% no número de habitantes em 10 anos. Em comparação aos últimos 20 anos, o crescimento da população é de 50%. Nos próximos seis anos, a Prefeitura de São Gonçalo do Amarante espera que a população passe para 150 mil pessoas.
Em entrevista cedida ao SINCOMAM, a diretoria do Porto de Pecém relata sobre os principais projetos e investimentos que estão sendo realizados para o desenvolvimento deste potencial polo industrial brasileiro.
Segundo o presidente da Cearáportos, empresa que administra o Porto do Pecém, Erasmo Pitombeira, os programas previstos ligados ao porto devem contribuir de forma relevante para o crescimento do Estado.
“A efetivação de obras como a refinaria e a siderúrgica, seriam a redenção para o Ceará, pois atrelado a estes investimentos teríamos, posteriormente, o polo petroquímico e o polo metal mecânico, setores marcantes no desenvolvimento de qualquer região. O Terminal Portuário do Pecém foi concluído em 2001 para ser atrelado e receber a siderúrgica e refinaria. Na ausência desses investimentos, o porto totalmente concluído, não apresentava operação. A partir de 2002, veio à necessidade de colocar o porto para funcionar. Apareceram no início deste ano, os primeiros interessados em trabalhar com carga seca, e o Porto do Pecém teve que se adaptar a esta nova condição”, ressalta Erasmo Pitombeira.
O diretor de Implantação e Expansão do Porto de Pecém, Luiz Hernani de Carvalho Júnior, afirma que com serviço de navios porta-contêineres nas rotas dos Estados Unidos, América do Sul e Caribe, e hoje interligado aos principais portos mundiais com frequência semanal, com o novo Terminal de Múltiplo Uso, o Porto de Pecém é capaz de movimentar até 750 mil TEUs por ano, utilizando guindastes comumente conhecidos como Portainers, e receber os navios de contêineres pós-pamamax e cargueiros de até 300 metros de comprimento.
“Combinando uma localização geográfica privilegiada, menor tempo de trânsito para os principais mercados importadores, infraestrutura de acesso terrestre adequada, localização fora dos grandes centros urbanos e custos operacionais reduzidos, o Terminal Portuário do Pecém oferece vantagens competitivas importantes para a logística do mercado globalizado”, completa a Carvalho Júnior.
De acordo com a diretoria do Pecém, no atual período do Governo do Estado do Ceará, somente na primeira fase, foram investidos no Terminal Portuário aproximadamente 700 milhões de reais, com previsão de na fase em andamento investir mais 600 milhões e nas fases futuras, cerca de dois bilhões de reais, até que sejam implantadas a refinaria e a siderúrgica.
O consórcio formado pelas empresas: Construtora Marquise, Queiroz Galvão e Ivaí Engenharia de Obras, realizam as obras pelo valor de R$ 568,7 milhões, com previsão de término no primeiro semestre de 2016.
Geração de empregos
Os projetos estruturantes do Pecém — refinaria, siderúrgica e usinas termoelétricas – irão demandar mão de obra qualificada superior a 121 mil profissionais. Neste número estão incluídos os empregos diretos e indiretos, conforme levantamento apresentado durante Seminário de Formação Profissional realizado pela Secretaria da Ciência e Tecnologia (Secitece) e Agência de Desenvolvimento Econômico (Adece).
A gerente de Planejamento e Gestão da Refinaria Premium, Dione Palomino Conde, estima que 90 mil empregos diretos e indiretos serão gerados no conjunto de todas as fases. Em 2014, há mais de 14 mil trabalhadores em atividade. Entre 2010 e 2014, já são 7.500 profissionais contratados.
A montagem vai envolver 12 mil trabalhadores entre outubro de 2014 e janeiro de 2015. Distribuídos por categoria, a gerente de Planejamento e Gestão da refinaria mencionou que 54% dos profissionais estarão atuando nos segmentos de montagem e eletromecânica; 15% comporão a equipe de gerenciamento e 29% serão do setor da construção civil, informou a Cearáportos por veiculação no Diário do Nordeste.
Movimentação de cargas
Para a diretoria do Complexo de Pecém, o crescimento permanente na movimentação de mercadorias, está superando recordes a cada mês, e serve para comprovar o trabalho desenvolvido pelo porto. Também é válido citar o destaque que o porto cearense vem registrando no ranking de movimentação de exportação e importação entre todos os portos brasileiros, segundo as estatísticas da Secex – Secretaria do Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O diferencial do porto do Pecém é que ele é off-shore, construído afastado da linha de costa e atrelado a esse fator, temos uma profundidade natural que chega a 17 metros sem a necessidade de dragagem e quando você tira o custo da dragagem você tem condições de praticar tarifas portuárias extremamente atrativas. São essas tarifas que atraem os grandes armadores para o terminal portuário do Pecém, além de uma estrutura moderna, com equipamentos modernos, com implantação de uma superestrutura extremamente limpa e de uma estrutura de administração enxuta.
Segundo o diretor de implantação e expansão, Luiz Hernani de Carvalho Júnior, todos esses fatores permitem colocar o porto do Pecém, não só em relação ao Nordeste, mas também em relação ao Brasil como um porto de vanguarda. “A localização é privilegiada, pois nas rotas de longo curso os armadores que utilizam o Pecém para escoar suas cargas tem a plena certeza de que a carga vai chegar na data prevista porque não existe nenhuma parada intermediária. O Pecém fica a seis dias da costa leste dos Estados Unidos e a sete dias da costa da Europa”, acrescenta Carvalho Júnior.
No período de janeiro a setembro de 2014 foram movimentadas através do porto do Pecém 6.4 milhões de toneladas de mercadorias, com operação de 365 navios no período. Esse número representa um acréscimo de 61% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram movimentadas 3.9 milhões, ressaltando-se que o total de seis milhões em 2013 foi registrado somente no somatório dos 12 meses do ano, segundo informações da Cearáportos.
Ampliação dos cais, terminais e pátios
Os serviços da segunda etapa da expansão do terminal portuário incluem uma nova ponte de acesso ao quebra-mar existente com 1.520 metros de extensão, pavimentação de 1.065 metros sobre o quebra-mar; a ampliação do quebra- mar em cerca de 90 metros; o alargamento em cerca de 33 metros da ponte; a construção de 600 metros de cais com dois berços de atracação de navios cargueiros ou porta-contêineres.
Estes últimos equipamentos serão voltados para operação com carga geral e produtos da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), da refinaria Premium II, da Petrobras, e da ferrovia Transnordestina, estando previsto também a ampliação do pátio da retro-área de aproximadamente 69.000 metros quadrados.
Os dois berços de atracação serão voltados para a exportação de placas da siderúrgica, enquanto a Ferrovia Transnordestina utilizará provisoriamente o Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT), cuja primeira etapa já foi inaugurada, até ter o seu próprio terminal.
A expectativa é que com a nova ampliação, o terminal portuário do Pecém esteja composto por um berço no TMUT, um novo quebra-mar, dois berços de granéis sólidos e cinco berços de granéis líquidos.
A diretoria do Pecém informa ainda que, para atrair novos investimentos e tornar o porto competitivo internacionalmente, diversas ações estão sendo realizadas, dentre elas: manter o cronograma de obras de ampliação em dia para termos infraestrutura no padrão requerido pelos principais players do mercado; participar de feiras nacionais e internacionais no sentido de divulgar as características do porto; reforçar o envolvimento dos prestadores de serviços para renovar e manter os seus equipamentos dentro da eficiência e necessidades do mercado; e manter os custos operacionais em condições competitivas com os portos Brasil.
Fonte: SINCOMAM / Margarida Putti