Setor marítimo enfrenta incertezas com tarifas e tensões geopolíticas impulsionadas por Trump

Setor marítimo enfrenta incertezas com tarifas e tensões geopolíticas impulsionadas por Trump

O setor global de transporte marítimo, responsável por movimentar 80% do comércio mundial, enfrenta um cenário de incertezas diante das novas políticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump. A imposição de tarifas e o aumento do protecionismo geram preocupações entre armadores, importadores e empresas de logística que participam da conferência da S&P Global TPM, em Long Beach, Califórnia. O evento reúne gigantes do setor, como MSC, Maersk, Hapag-Lloyd, Walmart, DHL e DSV, para discutir o impacto das novas políticas no comércio internacional e nas cadeias de suprimentos.

Trump já aplicou uma tarifa extra de 10% sobre produtos chineses e propôs taxas milionárias para embarcações construídas na China que entram nos portos dos EUA. Além disso, sua administração planeja tarifas de 25% sobre produtos mexicanos, como abacates e tequila, e sobre exportações canadenses de carne bovina, madeira e petróleo. Também há previsões de novas tarifas sobre aço, alumínio e produtos da União Europeia. Essas medidas devem impactar o transporte marítimo, reduzindo o volume de comércio e pressionando os preços do frete.

O cenário global já enfrenta desafios devido ao desvio de rotas do Canal de Suez para evitar ataques dos Houthis no Oriente Médio e ao aumento dos custos logísticos causado por eventos climáticos extremos. Em meio a essa instabilidade, importadores dos EUA anteciparam compras para evitar tarifas, elevando temporariamente a demanda por transporte marítimo. No entanto, especialistas alertam para uma possível retração assim que as novas tarifas entrarem em vigor, levando à retaliação dos países afetados e à redução do consumo. O índice Drewry World Container, que mede o frete marítimo de contêineres de 40 pés, registrou US$ 2.629 na última quinta-feira, uma queda de 75% em relação ao pico de US$ 10.377 durante a pandemia.

Outra medida que alarmou o setor foi a proposta do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) de impor taxas pesadas sobre navios construídos na China, como parte de um plano para estimular a construção naval americana. Sob a proposta, embarcações da estatal chinesa COSCO pagariam até US$ 1 milhão por entrada em portos dos EUA, enquanto navios de outras operadoras construídos na China poderiam enfrentar taxas de até US$ 1,5 milhão.

Fonte: Portos e Navios